Na véspera das eleições na Venezuela, o líder da oposição, Leopoldo López, concedeu uma entrevista ao portal Infobae e fez diversas acusações ao pleito marcado para este domingo (6).
Segundo ele, a "Venezuela sofrerá, novamente, uma fraude eleitoral pela ditadura de Nicolás Maduro". Ele relembrou o pleito de 2018, e disse que a votação de amanhã (6) foi organizada sem transparência e sem a participação da oposição.
Segundo ele, a realidade da política venezuelana envolve muita corrupção. "Para se ter uma ideia, a ditadura do ano passado definiu uma estratégia de compra de deputados e ofereceu entre 500 mil e um milhão de dólares a cada um dos deputados".
"É um processo que não será reconhecido pelo mundo, e tampouco pelos setores democráticos na Venezuela", acrescentou.
As declarações de Leopoldo López, neste sentido, são críticas à Rússia, China e Irã, países que, segundo ele, contribuem para o atual estado da democracia no país latino.
Vale lembrar que a Rússia, ao contrário da União Europeia, confirmou que vai enviar representantes para fiscalizar as eleições deste domingo (6).
Com eleições marcadas para o próximo dia 6 na Venezuela, Moscou vai enviar observadores para garantir a transparência do pleito. https://t.co/vxscjeDnoA
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) December 1, 2020
As criticas de López também estão direcionadas a outros países da América Latina, como Argentina e México. De acordo com ele, poucos Estados tiveram coragem para denunciar os abusos de Nicolás Maduro.
"China, Rússia, Turquia, Irã e Cuba podem dar o passo e ser parte da solução. Porque hoje eles estão apoiando a ditadura, eles apoiam e apoiam de várias maneiras. Eles a apoiam economicamente, eles a apoiam abrindo seu caminho na economia ilegal que Maduro precisa passar devido à imposição de sanções que foram aplicadas a vários setores, como o setor do ouro e do petróleo", concluiu.
O que diz a Rússia
No último dia 1º, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, falou sobre o pleito na Venezuela.
"A Rússia envia um grupo de observadores para monitorar essas eleições. Tenho certeza que haverá observadores de outros países e que sua participação no monitoramento permitirá apresentar uma imagem objetiva [do processo eleitoral] para a comunidade mundial", afirmou.
"A Rússia espera que os países ocidentais não tentem avaliar de maneira tendenciosa as próximas eleições parlamentares na Venezuela", acrescentou Lavrov.
López em Madri
Atualmente, López vive em Madri. Ele foi condenado a quase 14 anos de prisão na Venezuela, acusado de participar de um plano de golpe de Estado contra o presidente Nicolás Maduro, conhecido como A Saída, e pela morte de 43 pessoas durante os protestos de 2014.
Em 30 de abril de 2019, López escapou de sua casa, onde estava cumprindo pena de prisão domiciliar. Depois de se refugiar na residência do embaixador espanhol em Caracas, ele conseguiu ingressar na Espanha. O episódio causou um incidente diplomático entre as duas nações.
A Venezuela acusa o governo espanhol de ter violado a Convenção de Viena ao facilitar a fuga do parlamentar.