Cientistas desenvolveram um novo teste de diagnóstico para a COVID-19 baseado na tesoura genética CRISPR/Cas9. Com a ajuda de uma câmera de smartphone, o teste pode fornecer um resultado positivo ou negativo entre 15 e 30 minutos. Ao contrário de muitos outros testes disponíveis, este teste também fornece uma estimativa da carga viral, o que pode ajudar os médicos a monitorar a progressão da infecção e estimar o quão contagioso um paciente pode ser. Os resultados foram publicados na revista científica Cell.
"Um dos motivos pelos quais estamos entusiasmados com os diagnósticos baseados em CRISPR é o potencial para resultados rápidos e precisos [...]. Isso é especialmente útil em locais com acesso limitado a testes ou quando testes rápidos e frequentes são necessários", afirma em comunicado Jennifer Doudna, coautora do estudo.
Os pesquisadores destacam também a importância de o teste não apenas gerar um resultado positivo ou negativo, mas também medir a carga viral em uma determinada amostra.
"Quando associada a testes repetidos, a medição da carga viral pode ajudar a determinar se uma infecção está aumentando ou diminuindo [...]. Monitorar o curso da infecção de um paciente pode ajudar os profissionais de saúde a estimar o estágio da infecção e prever, em tempo real, quanto tempo é provavelmente necessário para a recuperação e por quanto tempo o indivíduo deve ficar em quarentena", comenta Daniel Fletcher, também coautor da pesquisa.
Como funciona
O novo teste de diagnóstico usa a técnica CRISPR para programar a enzima Cas13. Quando a Cas13 se liga ao RNA do SARS-CoV-2, a enzima cliva toda a sequência genética ao seu redor. Uma sonda ligada à enzima analisa e torna fluorescente o RNA do vírus.
Com a ajuda de um dispositivo portátil, a fluorescência resultante pode ser medida pela câmera do smartphone. A taxa na qual a fluorescência se torna mais brilhante está relacionada ao número de partículas de vírus na amostra.
"Modelos recentes de SARS-CoV-2 sugerem que testes frequentes com um tempo de resposta rápido são o que precisamos para superar a pandemia atual [...]. Esperamos que, com mais testes, possamos começar a reabrir economias e proteger as populações mais vulneráveis", diz Melanie Ott, coautora do estudo.
Os cientistas salientam que mais pesquisas são necessárias antes que esse teste possa ser implementado, mas acreditam que estão no caminho certo para a produção de testes rápidos e eficazes não só para COVID-19.
"O objetivo final é ter um dispositivo pessoal, como um telefone celular, que seja capaz de detectar uma variedade de infecções virais diferentes e determinar rapidamente se você tem um resfriado comum, SARS-CoV-2 ou gripe [...]. Essa possibilidade existe agora, e mais colaboração entre engenheiros, biólogos e médicos é necessária para tornar isso uma realidade", conclui Fletcher.