Para Guilherme Carvalhido, cientista político e professor da Universidade Veiga de Almeida, a decisão do STF foi correta em sua leitura pela inconstitucionalidade da reeleição dos presidentes do Legislativo federal brasileiro. O professor ressalta que Alcolumbre teria sua reeleição praticamente certa, caso autorizado pelo STF, enquanto Maia teria que costurar articulações. Apesar disso, Carvalhido aponta que ambos têm capital político para eleger seus sucessores.
"Ambos têm capital político para eleger seus sucessores. Isso dependerá muito da articulação que eles fazem. A grande briga que está acontecendo aí é o controle da pauta do Congresso, o presidente vai controlar a pauta que será votada nos próximos dois anos. E é exatamente uma pauta de interesse direto do poder Executivo, presidido atualmente pelo presidente Jair Bolsonaro", afirma o pesquisador em entrevista à Sputnik Brasil.
"Essa balança pende muito, hoje, um pouquinho mais para Rodrigo Maia, sobretudo se ele conseguir articular com os setores de centro-esquerda, que poderão lançar também seus candidatos próprios. Mas, a grande questão é tentar Maia trazer esse grupo, que é um grupo aí de 100, entre 90 e 100 deputados, ao grupo de Maia – que é esse grupo mais independente e anti-Bolsonaro", aponta
Segundo Carvalhido, esse grupo é o fiel da balança que tomará a decisão sobre o controle da Câmara dos Deputados e dificilmente esse setor passará para o lado de Bolsonaro. Para o pesquisador, Maia precisa desse apoio para conseguir uma vitória, mesmo que apertada. Já Bolsonaro necessita articular-se aos interesses do chamado Centrão, grupo de partidos de direita que é historicamente ligado ao poder no país.
O pesquisador avalia que Maia e Alcolumbre tiveram posicionamentos variados ao longo de suas presidências na Câmara dos Deputados e do Senado Federal, buscando manter posições independentes em relação ao Executivo.
"Na maioria dos momentos tentando manter independência em relação ao governo federal, tentando fazer uma pauta mais do interesse deles e de seu grupo. Mas, em outros momentos, sobretudo com a votação da reforma da Previdência, coadunou com o governo Bolsonaro, mas, na verdade, mantendo sempre uma certa independência, sempre dialogando", aponta.
Carvalhido também ressalta que os dois presidentes tentaram manter o controle do Centrão ao longo do período, mas essa ala política mostrou também interesses próprios, espelhado nas idas e vindas em relação ao Executivo.
"Dessa forma, tentou manter o controle do Centrão, mas o Centrão foi ao longo das negociações com Bolsonaro trazendo também uma certa mudança entre elas. Ou seja, o Centrão tem divisão, tem uma divisão interna em que muitos vão para Bolsonaro e muitos vão para essa independência. E essa é a questão central, esse é o ponto que está em negociação no processo político da Câmara", avalia.