Cientistas da Universidade Monash, Austrália, descobriram que uma teoria de 160 anos do biólogo Charles Darwin estava correta: o vento explica por que os insetos de certas ilhas perderam a capacidade de voar. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (9) na revista científica Proceedings of the Royal Society B.
Nas pequenas ilhas que ficam a meio caminho entre a Antártica e a Austrália, quase todos os insetos perderam as asas. Darwin tinha uma teoria para isso e os pesquisadores queriam testá-la.
"Claro, Charles Darwin sabia sobre esse hábito de perda de asas dos insetos das ilhas. Ele e o famoso botânico Joseph Hooker tiveram uma discussão substancial sobre por que isso acontece. A posição de Darwin era enganosamente simples. Se você voar, será lançado no mar. Os que ficaram em terra para produzir a próxima geração são os mais relutantes em voar e, eventualmente, a evolução faz o resto. Voilà", comenta em comunicado Rachel Leihy, autora principal do estudo.
Durante muitos anos se acreditou que Darwin estava errado. No entanto, quase todas as discussões ignoraram o lugar que é o epítome da perda de voo: as ilhas subantárticas, que são dos lugares com mais vento da Terra.
"Se Darwin realmente se enganou, o vento não explicaria de forma alguma por que tantos insetos perderam sua capacidade de voar nessas ilhas", afirma Leihy.
Moscas andam, mariposas rastejam
Usando um grande e novo conjunto de dados sobre insetos das ilhas subantárticas, os cientistas examinaram todas as ideias propostas para contabilizar a perda de voo dos insetos.
Apenas a teoria de Darwin explica a extensão da perda de voo em insetos subantárticos, embora em uma forma ligeiramente variada, concluem os pesquisadores.
Condições de vento tornam o voo dos insetos mais difícil e energeticamente mais caro. Assim, os insetos param de investir no voo e em seu maquinário caro (asas, músculos das asas) e redirecionam os recursos para a reprodução. Dessa forma, inúmeras espécies perderam essa habilidade extraordinária. Nessas ilhas, as moscas andam e as mariposas rastejam.
"É notável que, após 160 anos, as ideias de Darwin continuem a trazer inspirações para a ecologia", comemora disse Leihy.