Um estudo realizado a bordo da EEI com aranhas da espécie Trichonephila clavipes revelou que esses aracnídeos podem se orientar com luz quando não há gravidade para lhes dizer o que é "cima" e "baixo". Os resultados foram publicados na revista científica The Science of Nature.
Não é a primeira vez que aranhas são enviadas ao espaço, mas é a primeira vez que há resultados tão conclusivos. Para o experimento, quatro aranhas T. clavipes foram utilizadas: duas permaneceram na Terra em situação exatamente igual às que foram colocadas isoladas uma da outra em câmaras na ISS.
As duas aranhas que foram enviadas para o espaço foram bastante resistentes em suas novas casas sem gravidade: o macho sobreviveu à gravidade zero por 65 dias e ainda estava vivo depois de retornar à Terra, enquanto a fêmea construiu 34 teias e realizou ecdise três vezes. Mas foi o uso das luzes, que estavam todas apontando "para baixo", que realmente levou a uma descoberta surpreendente.
Tudo é uma questão de simetria
"Na gravidade normal, e independentemente de as luzes estarem acesas ou não, as aranhas consistentemente construíram teias assimétricas e se voltaram para baixo quando sentadas no centro, concluímos que a gravidade é o guia de orientação mais relevante para as aranhas […]. Concluímos ainda que o estímulo visual da direção da luz pode servir como um guia de orientação na ausência de gravidade", escrevem os pesquisadores no artigo.
Sem gravidade e sem luz, a maioria das teias foi tecida simetricamente. Sem gravidade, mas com luz, entretanto, as aranhas construíram teias assimétricas, assim como as produzidas com gravidade. Os insetos também ficavam de ponta-cabeça com menos frequência.
"Não teríamos imaginado que a luz desempenharia um papel na orientação das aranhas no espaço […]. Tivemos a sorte de as lâmpadas estarem fixadas no topo da câmara e não em vários lados. Caso contrário, não teríamos sido capazes de descobrir o efeito da luz na simetria das teias em gravidade zero", confessa ao portal Science Alert Samuel Zschokke, principal autor do estudo.
"Que as aranhas tenham um sistema de backup para orientação como este parece surpreendente, uma vez que nunca foram expostas a um ambiente sem gravidade no curso de sua evolução", conclui Zschokke.