Em 2021, o preço da prata deve bater o recorde de US$ 50 (cerca de R$ 256) a onça, afirmam analistas do banco de investimento Saxo Bank. Esse crescimento será impulsionado tanto pelas medidas que muitos governos vêm adotando para combater a crise provocada pela pandemia de COVID-19, quanto pela procura devido a economia verde.
Chaves que impulsionarão os preços
Os analistas do Saxo Bank esperam que o dólar norte-americano continue a enfraquecer mesmo após a melhora da situação epidemiológica em 2021 como resultado da vacinação geral da população. As vacinas matam o vírus, mas não vão resolver o problema da dívida que ainda se espalha pelo mundo, destacam os especialistas.
"O problema não é realmente o fato de estarmos sofrendo de uma doença, mas de estarmos viciados na cura, que tem sido dinheiro barato e [gerou] toda essa dívida. E agora, é a cura do vício que é o verdadeiro problema. A doença não importa mais", observou Peter Schiff, presidente da corretora Euro Pacific Capital.
O Saxo Bank também alerta para um aumento da inflação no ano que vem. Os legisladores podem demorar para responder ao aumento geral dos preços porque buscarão "oferecer o máximo de apoio às suas economias ainda em recuperação", afirmam analistas do banco em relatório. É por isso que o Serviço de Reserva Federal (Fed, na sigla em inglês) dos EUA diz que vai deixar a inflação disparar, porque eles realmente não têm escolha.
Prata e ecologia
Além dos fatores econômicos acima mencionados, o preço da prata apresentará uma tendência de alta graças à crescente demanda por aplicações relacionadas à transformação verde de muitos países. Isso inclui células fotovoltaicas usadas na produção de painéis solares. A produção de energia solar deve quase dobrar até 2025, de acordo com um relatório publicado pelo The Silver Institute.
A prata tem a resistência elétrica mais baixa de todos os metais em temperaturas normais. Por essa razão, "possíveis metais substitutos não podem igualar a prata em termos de produção de energia por painel", observaram os autores do estudo.
Como resultado, a demanda pelo metal excederia em muito a oferta, potencialmente causando uma crise de abastecimento em 2021. Tudo isso ameaça frustrar o apoio político para os investimentos solares planejados na presidência do norte-americano Joe Biden, afetar metas estabelecidas no Pacto Ecológico Europeu, com o objetivo da China de alcançar emissões neutras em carbono até 2060 e outras iniciativas.
Em termos de suprimentos de prata, a produção nas minas foi severamente afetada pela pandemia. A expectativa é de que caia 6,3% em 2020. No entanto, essa dinâmica negativa não seria causada apenas pela expansão das infecções no mundo e pelas restrições globais.
A produção nas minas já vinha em tendência de queda antes da pandemia. Em 2019, a produção sofreu uma queda de 1,3%. Os analistas do Saxo Bank explicam essa tendência com o fato de que mais da metade da prata é extraída do solo como um subproduto da mineração de zinco, chumbo e cobre. "Isso torna difícil para os mineiros atenderem ao excesso de demanda proporcional por prata", concluem os especialistas da entidade.