Após a prisão do prefeito Marcelo Crivella pelos agentes da Polícia Civil e do MP-RJ em sua residência, no condomínio Península, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita afirmou que Crivella era o "chefe de uma organização criminosa que atuava dentro da prefeitura".
Segundo informações do portal G1, a desembargadora enfatizou que, embora restem poucos dias para terminar o mandato, a manutenção de Crivella "no cargo até lá implicaria em riscos à ordem pública". Com a decisão, Jorge Felippe, presidente da Câmara do Rio de Janeiro, assume a prefeitura até a posse de Eduardo Paes.
Ao determinar a suspensão de função pública do então prefeito carioca, a desembargadora sustenta que "os crimes foram cometidos de modo permanente ao longo de quatro anos de mandato", e começaram a ser planejados ainda durante a campanha eleitoral.
Além de Marcelo Crivella, foram presos nesta terça-feira (22): Rafael Alves, empresário; Fernando Moraes, delegado aposentado; Mauro Macedo, ex-tesoureiro da campanha de Crivella; Adenor Gonçalves dos Santos, empresário; Cristiano Stockler Campos, empresário da área de seguros.
Todos os alvos da operação do MP-RJ foram denunciados pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva.
'QG da Propina'
A ação que levou à prisão de Crivella é um desdobramento da Operação Hades, que investiga a existência de um suposto 'QG da Propina' na prefeitura do Rio. Os mandados são cumpridos pela Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (CIAF) da Polícia Civil e do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim), do MPRJ.
De acordo com o doleiro, empresas que tinham interesse em fechar contratos ou tinham dinheiro para receber do município procuravam Rafael Alves, com quem deixavam cheques. Em troca, ele intermediaria o fechamento de contratos ou o pagamento de valores que o poder municipal devia a elas.
Crivella reage e fala em 'perseguição política'
O prefeito do Rio de Janeiro classificou a ação desta terça-feira (22), deflagrada pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio, como uma "perseguição política". Ele também disse que espera que seja feita a justiça.
"Lutei contra o pedágio ilegal, tirei recursos do carnaval, negociei o VLT, fui o governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro", disse Crivella.
Eduardo Paes se posiciona
Vencedor do último pleito para alcaide do Rio, Eduardo Paes também comentou a prisão de Marcelo Crivella. Segundo ele, é preciso manter o trabalho de transição.
Conversei nessa manhã com o presidente da câmara de vereadores Jorge Felipe para que mobilizasse os dirigentes municipais para continuar conduzindo suas obrigações e atendendo a população. Da mesma forma, manteremos o trabalho de transição que já vinha sendo tocado.
— Eduardo Paes (@eduardopaes_) December 22, 2020