Localizado no extremo noroeste do campo de Búzios, na Bacia de Santos, o poço está a 188 km da cidade do Rio de Janeiro e foi perfurado em uma profundidade de 1.850 metros, na camada do pré-sal.
Segundo um comunicado emitido pela Petrobras, testes realizados a partir de 5.540 metros de profundidade confirmaram a presença de reservatórios de petróleo de "ótima qualidade". A descoberta, diz a empresa, "reforça o potencial do pré-sal no campo de Búzios".
O presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, reconhece a importância do campo de Búzios para produção de petróleo no Brasil. Ele lembra que os poços da região têm uma "taxa de sucesso em perfuração equivalente à da Arábia Saudita".
Segundo ele, "a descoberta confirma o que já existia. O potencial desde campo já é amplamente conhecido. Sabíamos o que poderíamos encontrar nesse campo, e isso apenas confirma que Búzios continuará a ser por muitos anos o maior campo de petróleo do Brasil".
"Descobertas como essa acabam tornando o Brasil em um destino importante de capital no mercado exterior. As pessoas estão interessadas no volume de petróleo produzido aqui. Isso é muito importante para manter o Brasil um país atrativo para o mercado internacional", afirmou Luis Antônio.
Não é um segredo que a Petrobras entende o campo de Búzios como uma "galinha dos ovos de ouro". Búzios é, afinal, o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo, e atualmente o ativo mais valioso da empresa. Segundo a Petrobras, as plataformas instaladas no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, bateram recentemente novos novos recordes mensais: 615 mil barris de óleo por dia (bpd) e 765 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) em julho.
Ao ser apresentado a esses números, Luis Antônio fez elogios à produção de petróleo no Brasil e disse que descobertas como essa "fazem do Brasil um grande atrativo". Porém, fez apenas uma ressalva. "Isso prova também que o Brasil continuará sendo uma província, justamente no momento em que o mundo olha com atenção para formas renováveis de energia".
Em março de 2020, a Petrobras assinou o contrato de partilha de produção, tendo a CNOOC e a CNODC como parceiras, e a Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA) como gestora. Conforme já anunciou a estatal, as partes vêm discutindo a estratégia global de desenvolvimento do campo e as demais questões relacionadas ao acordo de coparticipação, cuja vigência está prevista para iniciar em 2021 e que regulará a coexistência dos contratos de cessão onerosa e de partilha de produção.
Ambos entrevistados pela Sputnik Brasil comentaram o regime de Cessão Onerosa. Luis Antônio Araújo explicou que a cessão onerosa "é uma parte do petróleo que a Petrobras exploraria em nome do governo com o objetivo de atrair outros produtores que queiram investir para retirar esse óleo do Brasil".
"Isso a coloca como uma empresa sem compromisso com o desenvolvimento brasileiro. A sua direção atual é predatória, que abre mão daquela que foi a característica principal da Petrobras, que é de ser uma empresa integrada, que vai desde a exploração de petróleo até o fornecimento de petroquímicos", sustenta Pedro Celestino.
Pedro Celestino se refere, também, à venda das refinarias da Petrobras. Em outubro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a venda de refinarias da empresa, processo que havia sido contestado pelo Congresso. Em 2019, a Corte decidiu que a privatização de estatais precisaria do aval dos parlamentares. No entanto, o mesmo Supremo entendeu depois que a venda de subsidiárias da Petrobras não afronta esse princípio.
No epicentro desta questão sobre a venda de refinarias está o entendimento sobre o que seria um projeto de desenvolvimento para o Brasil. Pedro Celestino aponta que a Petrobrás já foi a "garantia da nossa independência energética".
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De 2015 para cá, porém, "passamos a uma condição de fornecedores de petróleo bruto para o mundo, e importadores de refinados e petroquímico. Passamos a visão colonizada e dependente das multinacionais. É o que ocorre com a Nigéria e os países do Oriente médio. São os maiores países produtores de petróleo no mundo, e que são mantidos na miséria enquanto as plutocracias enriquecem", disse o presidente do Clube de Engenharia.
De acordo com ele, trata-se de "uma operação conduzida de fora, pelos EUA, e a pretexto de uma pauta que une nós todos: o combate à corrupção. A Petrobras passou a ser símbolo de corrupção, de ineficiência, de um Estado que não atende aos interesses do povo. E isso contou com a colaboração generosa da Dilma Rousseff, que colocou uma diretoria, em 2015, comprometida com a destruição da Petrobras. Isso começou ali, passou pelo Pedro Parente, e agora mantém-se com o Castelo Branco", concluiu.
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