O imbróglio entre Iraque e Irã a respeito da exportação de gás começou há duas semanas, quando o Irã reduziu as exportações do produto para o Iraque de 50 milhões para apenas cinco milhões de metros cúbicos. Na ocasião, o Irã falou em calote e argumentou que contas não foram pagas.
Em um novo episódio das negociações neste domingo (27), o Irã informou oficialmente ao ministério do Iraque que planeja reduzir o gás exportado para três milhões de metros cúbicos.
As informações foram confirmadas pela Reuters.
Com as medidas, autoridades iraquianas declararam hoje (27) que o país pode ficar sem energia e sofrer com apagões. O Iraque perdeu cerca de 6.550 megawatts de eletricidade, disse o porta-voz Ahmed Moussa.
O consumo diário no país durante os horários de pico do inverno pode chegar a cerca de 19.000 megawatts, enquanto o país gera apenas cerca de 11.000 megawatts. Por esta razão, é preciso recorrer às importações para preencher a lacuna.
"Nós encorajamos fortemente para que o Ministério das Finanças do Iraque resolva as contas não pagas com o Irã para evitar a escassez crítica de suprimentos de energia em Bagdá e outras cidades", disse Moussa.
O gás iraniano no Iraque
O Irã passou a exportar gás para o seu vizinho Iraque a partir de 2017, sob um acordo que transformou os países em grandes parceiros energéticos. Com o tratado, um novo gasoduto foi construído para ligar o oeste do Irã à Bagdá.
Na época, a exportação começou a um ritmo de sete milhões de metros cúbicos por dia. O acordo previa um aumento progressivo até 35 milhões de metros cúbicos. Com o tempo, o Iraque se tornou um dos maiores clientes do gás iraniano.
O Irã possui a segunda maior reserva de gás do mundo, e sua produção chega a 600 milhões de metros cúbicos por dia.