Membros do Grupo de Segurança Presidencial (PSG, na sigla em inglês) de Rodrigo Duterte, presidente das Filipinas, foram as primeiras pessoas do país a serem vacinadas contra a COVID-19, com um imunizante fabricado na China, afirmaram autoridades locais nesta segunda-feira (28) ouvidas pela agência AFP, apesar de nenhuma vacina ter obtido aprovação da agência reguladora.
"O PSG administrou a vacina [contra a] COVID-19 ao seu pessoal que executava operações de segurança próximas ao presidente", garantiu o chefe da unidade, brigadeiro-general Jesus Durante em um comunicado reproduzido pela mídia, sem especificar quantos receberam o imunizante.
Questionado sobre se Duterte havia sido imunizado, Durante disse que o presidente filipino ainda estava esperando "pela vacina perfeita ou apropriada".
Confiança nas vacinas da China e da Rússia
O porta-voz presidencial Harry Roque afirmou que a droga dada aos soldados foi a Sinopharm, desenvolvida pelos chineses. Roque não explicou como o medicamento foi obtido ou o número de doses recebidas. A embaixada chinesa em Manila não se pronunciou.
Duterte já havia expressado confiança nas vacinas feitas pela China e pela Rússia, chegando a se oferecer como cobaia para a primeira injeção da vacina russa Sputnik V.
Roque minimizou as preocupações com a segurança do medicamento Sinopharm, ressaltando que o objetivo era enviar uma mensagem de esperança aos filipinos. "Se não podemos receber vacinas do Ocidente, a China, nossa amiga e vizinha, está disposta a nos dar vacinas […]. Não é proibido por lei ser inoculado com uma [vacina] não registrada. O que é ilegal é a distribuição e venda", comentou Roque.
Filipinas negociam outras vacinas
As Filipinas estão em negociações com várias empresas farmacêuticas, incluindo a britânica AstraZeneca, a norte-americana Pfizer e a chinesa Sinopharm, para garantir 60 milhões de doses para uma campanha de vacinação a partir do segundo trimestre de 2021. Nenhuma vacina foi ainda aprovada pela agência reguladora do país, o que é necessário antes que possa ser implantada em todo o país de 110 milhões de habitantes.
Até agora, as Filipinas assinaram um acordo com a AstraZeneca para 2,6 milhões de doses e espera garantir outros 30 milhões da empresa usando financiamento público e privado. Já a Pfizer solicitou autorização de uso de emergência para sua vacina no país. A China, por sua vez, tem quatro vacinas, incluindo Sinopharm, nos estágios finais de desenvolvimento.
A agência reguladora das Filipinas divulgou uma declaração nesta segunda-feira (23) alertando contra o uso de vacinas não autorizadas, observando que "não havia garantia sobre a segurança, qualidade e eficácia" de um medicamento que não passou por avaliação técnica do regulador local.
As Filipinas registram 9.109 óbitos provocados pela COVID-19 e 469.886 casos da doença desde o princípio da pandemia do novo coronavírus.