O democrata Joe Biden assumirá a presidência norte-americana em meio a uma Coreia do Norte muito mais perigosa, autossuficiente e possuidora de pelo menos três mísseis balísticos intercontinentais diferentes, capazes de transportar ogivas nucleares a cidades dos EUA, escreve a agência Bloomberg.
Ao longo dos últimos dois anos, a liderança da Coreia do Norte conduziu uma série de testes de lançamento de novos foguetes, mandando, assim, possível mensagem às forças aliadas dos EUA perto das suas fronteiras.
Além disso, foram construídos vários caminhões especiais e necessários para implantar armas nucleares em todo o país. Acredita-se ainda que Pyongyang esteja construindo um submarino para instalar armas nucleares no mar.
Apesar das sanções limitadoras de acesso a quase tudo, que vai de armas e maquinaria industrial a petróleo e dinheiro estrangeiro, Coreia do Norte conseguiu produzir e desenvolver vários tipos de equipamentos, de acordo com especialistas em não proliferação nuclear.
Segundo aponta a agência, não há indícios de que a campanha de "pressão máxima" de Trump tenha feito Kim Jong-un reconsiderar o programa de armas norte-coreano, mesmo em meio ao que se acredita ser a maior contração econômica da Coreia do Norte em mais de duas décadas.
"As sanções parecem ter tido pouco ou nenhum efeito na desaceleração do impulso da Coreia do Norte na busca de materiais cindíveis e na produção de armas nucleares", disse Siegfried Hecker, especialista em armas e professor da Universidade de Stanford, que participou das inspeções nas principais instalações nucleares do país asiático.
Ao longo dos anos, Kim Jong-un tem demonstrado aptidão de produzir e desenvolver armas nucleares muito superior à do seu pai ou avô, ressalta a Bloomberg.
Esta aptidão deixará mais difícil para Biden manter a exigência norte-americana para o líder da Coreia do Norte não só congelar, mas desmantelar completamente o programa nuclear.
Com o líder norte-coreano não tendo conduzido testes de detonação de bomba nuclear desde 2017, especialistas creditam que Kim continua fazendo progressos no desenvolvimento de ogivas nucleares que poderiam sobrecarregar os sistemas de defesa antiaérea dos EUA.
O desfile militar que decorreu em Pyongyang em outubro demonstrou que a Coreia do Norte tem capacidade de produzir uma grande variedade de equipamento militar, incluindo mísseis balísticos intercontinentais, sistemas antiaéreos, armas químicas e espingardas para seu arsenal.
É provável que o país continue expandindo as suas capacidades, usando informações disponíveis em fontes abertas e recompensando cientistas com regalias como apartamentos. Segundo o The Diplomat, Kim Jong-un está apoiando cientistas por meio de aproximadamente 130 organizações financiadas pelo governo.