O "prêmio", cujo nome completo é "a pessoa do ano no crime organizado e na corrupção", foi anunciado nesta quarta-feira (30), e a escolha do vencedor foi feita após votação de um conselho de profissionais que cobrem o tema.
Segundo a OCCRP, Bolsonaro bateu "por pouco" outros dois finalistas da votação: Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia. Atrás dos outros candidatos na votação, o oligarca ucraniano Igor Kolomoisky completou a lista dos finalistas.
A OCCRP diz que Bolsonaro foi eleito "por seu papel em promover o crime organizado e a corrupção".
"Eleito após o escândalo da Lava Jato como um candidato anticorrupção, Bolsonaro se cercou de figuras corruptas, utilizou a propaganda para promover sua agenda populista, atacou o sistema judiciário e travou uma guerra destrutiva contra a região Amazônica, que enriqueceu alguns dos piores donos de terra do país", diz o anúncio do "prêmio", como justificativa pela escolha de Bolsonaro.
O consórcio lista ainda diversos casos de corrupção envolvendo Bolsonaro, como a "arrecadação de salários para funcionários fantasmas", ou seja, o escândalo das rachadinhas, citando inclusive Carlos Bolsonaro e a ex-mulher do presidente, Rogéria Bolsonaro.
A OCCRP cita ainda as acusações contra Flávio Bolsonaro, como de lavagem de dinheiro e de associação com a milícia, "que invadiu violentamente áreas do Rio de Janeiro por meio de violência e execuções sumárias, incluindo o assassinato de uma vereadora LGBT negra do Rio", referindo-se a Marielle Franco.
A tentativa de minar as investigações sobre Flávio Bolsonaro e a propagação de fake news também foram lembradas, assim como a prisão de Marcelo Crivella, "amigo e aliado" do presidente.
Os jurados do "prêmio" destacaram ainda a condução da política ambiental do governo federal do Brasil, especialmente em relação à Amazônia.
"A contínua destruição da Amazônia está ocorrendo por causa de escolhas políticas corruptas feitas por Bolsonaro. Ele encorajou e alimentou incêndios devastadores. Bolsonaro fez campanha com o compromisso explícito de explorar - ou seja, destruir - a Amazônia, que é vital para o meio ambiente global", disse um dos jurados, Rawan Damen, diretor do consórcio Repórteres Árabes de Jornalismo Investigativo.
O governo Bolsonaro é muito criticado pela comunidade internacional por sua política ambiental, e já recebeu alertas de chefes de Estado sobre a preservação do meio ambiente, como de Emmanuel Macron, presidente da França, e de Joe Biden, vencedor das eleições nos Estados Unidos. Recentemente, o Brasil ficou de fora de uma Cúpula do Clima das Nações Unidas, por não ter adotado metas ambientais ambiciosas o suficiente para participar do evento.