Dois terços de mais de 100 diretores de investimentos e gestores de carteiras, segundo estudo da CNBC, esperam retornos do mercado de ações mais baixos durante o mandato presidencial de Biden, em comparação com os retornos sob administração Trump.
"Os investidores estão legitimamente preocupados por duas razões", explica Julian Klymochko, diretor de investimentos da Accelerate Financial Technologies. "As avaliações de ações atingem valores recordes em muitas medidas, mesmo ultrapassando as avaliações atingidas durante o pico da bolha tecnológica em 1999-2000. Adicionalmente, o ambiente econômico é altamente incerto, dado que a pandemia está alastrando e a vacina está apenas em desenvolvimento", continuou.
O especialista aponta que, ultimamente, a política monetária e fiscal tem sido o principal motor dos retornos dos mercados de bolsas. Em consequência, as expectativas dos investidores sobre os retornos sob a presidência de Biden "são altamente dependentes da [possibilidade] de os estímulos monetários e fiscais extremos serem mantidos ou ainda aumentarem".
Se Biden aderir a um curso "moderado" e favorecer o aumento do estímulo econômico, isso poderia "frutificar mais o mercado de ações", sugere Klymochko.
Por que a presidência de Joe Biden aumenta perigos para mercados?
O analista de Wall Street e investidor Charles Ortel não compartilha as posições dos economistas, alertando das potenciais consequências negativas da política econômica proposta pelo ex-vice-presidente Joe Biden.
"A promessa de Biden de reverter as políticas fiscais bem elaboradas de Trump, destinadas para 'os ricos', vai acabar visando a maioria dos trabalhadores", aponta. "Antes de esta política se tornar lei, os consumidores e os investidores diminuirão o interesse em comprar ou iniciar projetos de capital, e os impactos da ondulação provavelmente vão cortar a demanda interna, reduzindo as perspectivas para a maioria dos preços de ações públicas."
Joe Biden "tem história fraca em economia", enquanto seu gabinete de desenvolvimento "consiste em muitos fracassos da era Obama, que parecem de certo repetir os erros épicos, mesmo compostos, do passado", considera Ortel.
O analista descreve o curso econômico de oito anos de Barack Obama e Joe Biden como nada menos que uma "guerra contra o capitalismo", uma vez que eles criaram déficits governamentais estruturais e duplicaram a dívida pública dos EUA desde janeiro de 2009 até janeiro de 2017.
"A vitória de Donald Trump foi graças, em parte, à repugnância de muitos sobre a política errada e fracassada da administração Obama-Biden", acredita. "O mercado de ações dos EUA sentiu que o candidato Trump pode provar-se eficaz em eliminar restrições no setor privado, e tem constantemente elevado os valores [das ações] para níveis recordes que permanecem sendo elevados."
Esta inércia continua ainda hoje, apesar da vitória de Biden e sua futura reforma tributária, bem como o plano ambicioso de mudança do clima de investimentos. As observações do investidor não descartam que o mercado esteja preparado para uma correção descendente maciça. Ainda assim, alguns dos potenciais efeitos econômicos negativos da política de Biden poderiam ser compensados, até certo ponto, pelo Sistema de Reserva Federal, "que tem a possibilidade de reduzir as taxas de juro básicas", prevê o analista.
"A redução dessas taxas suporta os preços de todos os ativos denominados em dólares dos EUA", ressalta Ortel. "Mas, o Sistema de Reserva Federal dos EUA é escasso, especialmente agora, carregando os encargos impostos pela pandemia, confinamento e suas consequências prejudiciais."