Vingança final do Irã pela morte de Soleimani seria expulsão dos EUA do Oriente Médio, diz analista

© REUTERS / Khaled AbdullahPessoas participam de vigília que marca um ano do assassinato do comandante militar iraniano, general Qassem Soleimani, e do chefe da milícia xiita iraquiana, Abu-Mahdi al-Muhandis
Pessoas participam de vigília que marca um ano do assassinato do comandante militar iraniano, general Qassem Soleimani, e do chefe da milícia xiita iraquiana, Abu-Mahdi al-Muhandis  - Sputnik Brasil
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Um ano após o assassinato de Qassem Soleimani, o povo do Irã está ainda indignado com os EUA, afirma especialista da República Islâmica.

Segundo Mohammed Marandi, analista político da Universidade de Teerã, embora o Irã tenha respondido à morte do general com ataques de mísseis a bases usadas por norte-americanos no Iraque, a resposta mais importante ainda está por vir.

"Os iranianos estão furiosos hoje [3], assim como estavam há um ano, quando ele [Qassem] foi assassinado", comentou especialista à Sputnik.

 

Comandante insubstituível?

Para o povo iraniano, Soleimani era um soldado louvado e dedicado, leal ao governo, mas para Israel e seus aliados, o major-general era encarado como um suspeito de ajudar a formar e treinar milícias no Oriente Médio ameaçadoras para Israel.

Tel Aviv afirma que Soleimani, que era o comandante da Força Quds do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), enviou reforços à Síria para lutar com as forças leais ao presidente sírio Bashar Assad e ao Iraque para lutar contra o Daesh, a Al-Qaeda (ambas organizações terroristas proibidas na Rússia e em outros países) e suas facções afiliadas.

Por sua vez, Irã negou ter enviado tropas para Síria, dizendo que apenas enviou ao país árabe conselheiros militares.

As conquistas de Qassem Soleimani e a sua importância eram tão evidentes que seu assassinato desencadeou uma série de análises sugerindo que o Irã nunca seria capaz de se recuperar da perda do major-general. No entanto, Marandi diz que o Irã "não depende de indivíduos".

© REUTERS / Agência de notícias Wana Iraniano segura foto do falecido general Qassem Soleimani, comandante da Força Quds (foto de arquivo)
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Iraniano segura foto do falecido general Qassem Soleimani, comandante da Força Quds (foto de arquivo)

"Quando [aiatolá] Khomeini faleceu em 1989, os chamados especialistas ocidentais afirmavam que a Revolução Iraniana tinha acabado, por ele ser uma figura influente e – com acreditavam – insubstituível. Mas o que eles não entenderam é que Irã tem estruturas e instituições; temos pessoas muito competentes e cultas que sabem o que estão fazendo mesmo depois de [um general tão importante] ter morrido", ressaltou Marandi.

Vingança está por vir

Poucos dias depois do assassinato de Soleimani, Irã contra-atacou EUA, lançando mísseis em bases com soldados norte-americanos no Iraque. Na época, o presidente norte-americano, Donald Trump, alegou que a resposta foi mínima e sem importância, porém uma operação iraniana expôs as vulnerabilidades americanas e foi, de acordo com Marandi, apenas uma resposta ao "assassinato de Soleimani”.

"Todos os nossos mísseis atingiram os seus alvos e os danos foram grandes. Mas foi somente uma resposta, e não a resposta [mais importante], enquanto a nossa resposta final vai ser quando os americanos forem expulsos do Iraque, da Síria e do Afeganistão", defende analista político.

A retirada contínua de forças dos EUA do Iraque e do Afeganistão pode ser uma indicação de que Washington não está interessado em incrementar as tensões, e Marandi está seguro de que isso está associado à compreensão dos americanos de que "Irã é um jogador forte demais para ser derrotado em uma guerra convencional".

O presidente eleito Joe Biden prometeu voltar à mesa de negociações com Teerã e restaurar o acordo nuclear, mas, para o analista político iraniano, a nova administração dos EUA não é garantia de melhorias nas relações.

"Não importa quem é o presidente dos EUA. A atitude deles não é alterada com a mudança de presidentes. E a menos que Washington mude o seu comportamento de forma fundamental e comece a se comportar como um país normal, os iranianos não têm outra opção senão mostrar força, porque esta parece ser a única coisa que os americanos sabem respeitar", notou Marandi.

Em 3 de janeiro de 2020, um ataque aéreo norte-americano em Bagdá vitimou o general Qassem Soleimani, então comandante da Força Quds do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irã e uma das figuras mais respeitadas no Irã, gerando grande indignação.

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