O Ministério da Economia anunciou nesta quarta-feira (7) a redução do imposto de importação de agulhas e seringas para uso na vacinação contra a COVID-19.
A medida visa contornar o pregão eletrônico realizado na semana passada onde o governo brasileiro tentou adquirir 331 milhões de seringas, mas comprou apenas oito milhões.
Segundo Jorge Kalil, a redução dos impostos adotada pelo Ministério da Economia é positiva, mas poderia ter sido feita antes.
"O Brasil deveria ter acordado para a questão já em junho e julho. Deveriam ter comprado já estoques independente de ter a vacina. Agora existe uma sobrecarga de demanda há muito tempo, a indústria brasileira pode, sem dúvida, suprir parte dessa demanda, o resto teremos que buscar no exterior", disse à Sputnik Brasil.
De acordo com o ministério, a alíquota para importação desses produtos era de 16%. A redução a zero vale até junho.
"Não sei se haverá ainda disponibilizado no exterior porque o mundo todo compra. Nós temos que ver o mercado como é que está. [A redução da alíquota] sem dúvida poderá ajudar à importação, mas ela não significa que teremos com certeza os insumos", declarou.
Pela decisão, tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), seringas e agulhas passaram a integrar a lista de produtos com reduções tarifárias temporárias com o objetivo de facilitar o combate à pandemia da COVID-19.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quarta-feira (6) que o Brasil está pronto para começar a vacinação contra a COVID-19 em janeiro, e informou que o país tem 60 milhões de seringas e agulhas disponíveis nos estados e municípios.
Para Jorge Kalil, a alta demanda pelos insumos necessários para a vacinação contra COVID-19 pode gerar falta de abastecimento durante o processo de imunização.
"Eu não acredito que o mundo todo esteja com todas as suas fábricas em super produção para suprir a demanda por todos os insumos de vacinação. Como é uma pandemia, não é algo esperado, e nós teremos que imunizar oito bilhões de pessoas no mundo, é possível sim, que faltem insumos", alertou.
Segundo o especialista, as empresas não podem moldar a produção dos produtos de acordo com o pico da demanda. Há que se calcular uma média na hora de verificar a quantidade que será fabricada. Porém, neste momento da pandemia essa média está muito abaixo da necessidade por esses insumos.
"Temos que ver o que existe disponível no mundo, e esse estudo já deveria ter sido feito há muito tempo", disse Kalil.
No início da pandemia, a indústria de insumos hospitalares viu a demanda por luvas, máscaras e respiradores disparar. A situação fez com que o Brasil registrasse atrasos nas entregas desses equipamentos.
Para Jorge Kalil, o país corre o risco de observar uma situação similar agora com seringas e agulhas durante o processo de vacinação contra o novo coronavírus.
"Espera-se que as empresas consigam aumentar e muito a produção em termos mundiais. É possível que haja uma corrida para a compra desses insumos, assim como houve para respiradores e outros aparelhos médicos que foram necessários já na primeira fase da pandemia", disse.
As companhias se queixaram que os preços disponibilizados no pregão eletrônico do governo federal estavam abaixo dos praticados normalmente.
"Houve um aumento do custo de produção porque durante esse ano houve a desvalorização do real em relação ao dólar e, como muitos desses insumos são cotados internacionalmente, os preços de produção devem ter aumentado", explicou Jorge Kalil.
Nesta quinta-feira (7), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu o primeiro pedido de uso emergencial de uma vacina no Brasil.
A solicitação feita pelo Instituto Butantan pediu a autorização para uso emergencial para a vacina CoronaVac, fabricada pela farmacêutica Sinovac em parceria com o instituto.