"A escalada de ameaças à biosfera e a todas as suas formas de vida – incluindo a humanidade – é, de fato, tão grande que é difícil de ser entendida até mesmo por especialistas bem informados", alertou um grupo de 17 cientistas dos EUA, Austrália e México, em um artigo publicado na revista Frontiers in Conservation Science, relacionada a temas ambientais.
Os pesquisadores resumiram uma série de trabalhos recentes, prevendo "um futuro horrível de extinção em massa, declínio da saúde e transtornos climáticos".
Eles descreveram vários desafios globais, tais como a rápida perda de biodiversidade e o crescimento, igualmente rápido, da população humana que, "combinados com uma distribuição imperfeita de recursos, levam a uma enorme insegurança alimentar".
"O surgimento de uma pandemia há muito prevista, provavelmente relacionada à perda de biodiversidade, exemplifica de forma clara como esse desequilíbrio está degradando a saúde e a riqueza humana", explicaram os ambientalistas, argumentando que os governos de todo o mundo não prestam atenção suficiente a essas questões.
"A ignorância difundida do comportamento humano e a natureza incremental dos processos sociopolíticos que planejam e implementam soluções atrasam ainda mais a ação efetiva", afirmaram.
Paul Ehrlich, um dos autores no artigo e chefe do Centro de Biologia da Conservação da Universidade de Stanford, nos EUA, afirmou ao jornal The Guardian que "a deterioração ambiental é infinitamente mais ameaçadora para a civilização do que o trumpismo ou a COVID-19".
O seu livro de 1968, "The Population Bomb" ("Bomba Populacional", em tradução livre), lançou debates sobre os receios da superpopulação e seus efeitos no planeta. Mesmo admitido que estava errado sobre o momento de algumas de suas previsões, Ehrlich mantém a mensagem de que o crescimento populacional e os altos níveis de consumo das nações ricas podem levar ao "colapso da civilização" global.
Em seu artigo, os autores apelam para comunidade científica deixar de tornar "superficialmente atrativos ou aceitáveis os enormes desafios pela frente e 'dizer como [realmente] são'".