O Instituto Rega da Universidade de Leuven, Bélgica, criou uma vacina que atua simultaneamente contra a COVID-19 e a febre amarela, e que exige apenas uma dose, anunciou a Agência EFE.
A equipe de pesquisadores utilizou o código genético do vírus da vacina contra a febre amarela como vetor da proteína de espinho do SARS-CoV-2, de forma a atuar como imunizador de ambos os vírus simultaneamente, explicou Johan Neyts, diretor do instituto.
A vacina começou a ser desenvolvida no início de 2020, e a equipe estima aprovação para 2022. Até lá, "muito provavelmente terá proteção a longo prazo", e também será útil contra a febre amarela, afirmou o diretor do instituto.
Vacina ideal para América Latina e África?
A febre amarela é uma doença infecciosa causada por um vírus transmitido por mosquitos do gênero Aedes africanus, Haemagogus e Sabethes, sendo endêmica em áreas tropicais e subtropicais da África e da América do Sul. A vacina contra a febre amarela tem agora 82 anos, e foi administrada em 800 milhões de pessoas desde então.
De acordo com Johan Neyts e a pesquisadora espanhola Lorena Sánchez-Felipe, foi avaliado 1,7 milhão de substâncias para descobrir se era possível evitar a disseminação da COVID-19.
A vacina concluiu agora sua fase pré-clínica, após ser testada em hamsters. Provou ser "muito eficaz, com uma dose única que protege totalmente contra a infecção pelo SARS-CoV-2 em apenas dez dias", relatou Neyts. Durante a primeira fase de testes da vacina, no início de setembro, será testada em humanos.
A vacina, cujos desenvolvedores esperam tê-la aprovada até 2022, pode ser particularmente útil na América Latina e na África, segundo Johan Neyts. Além disso, as doses podem ser armazenadas a uma temperatura de 5 ºC.
Em relação à data de aprovação da vacina, Neyts informou que "pode parecer tarde em comparação com a da Pfizer e outras, mas somos uma equipe menor, com um orçamento diferente". A empresa Batavia Biosciences, dos Países Baixos, está fabricando as doses em grandes quantidades para iniciar os testes em humanos.
"Somos um pequeno laboratório acadêmico, não podemos produzir uma vacina na quantidade necessária para realizar os ensaios clínicos", comentou Sánchez-Felipe.