Bruxelas pretende acabar com a dependência dos mercados europeus em relação à moeda dos EUA, de acordo com um documento da Comissão Europeia citado no sábado (16) pelo jornal Financial Times.
O documento nota a vulnerabilidade da União Europeia (UE) em relação a sanções e riscos financeiros dos EUA. O projeto poderia ser aprovado na terça-feira (19), mesmo podendo estar sujeito a mudanças, um dia antes de o democrata Joe Biden tomar posse como presidente norte-americano.
O texto refere as dificuldades enfrentadas pela UE depois que o presidente Donald Trump restabeleceu sanções contra o Irã. "A União Europeia precisa ser protegida das consequências do uso extraterritorial ilegal" de tais medidas, apela.
"Os anos [da presidência] de Trump realçaram nossas vulnerabilidades, e precisamos eliminá-las mesmo que ele parta. Este é o lugar da UE no mundo: ter possibilidade de se tornar uma potência financeira e econômica correspondente às nossas dimensões".
Bruxelas planeja desenvolver medidas para "proteger os operadores da UE no caso de um terceiro país obrigar as infraestruturas financeiras da UE a cumprir suas sanções adotadas unilateralmente", bem como promover o euro nos mercados financeiros para proteger e fortalecer sua economia, avisando que "os mercados financeiros globais são muito dependentes do dólar americano para amortecer as tensões financeiras e os riscos de estabilidade".
Em maio de 2018, os EUA se retiraram do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) sobre o programa nuclear iraniano, e impuseram mais sanções contra Teerã.
A UE, por sua vez, adotou o Instrumento de Apoio a Intercâmbios Comerciais (INSTEX, na sigla em inglês) em 2019 para contornar as sanções dos EUA e continuar o comércio com o Irã. A primeira transação entre a Europa e o Irã ocorreu em 31 de março de 2020, quando a Alemanha forneceu suprimentos médicos a Teerã.