Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, afirmou na segunda-feira (18) em grande coletiva de imprensa sobre os resultados de 2020 que a nova administração de Joe Biden, que toma posse na quarta-feira (20) nos EUA, sabe que Moscou pretende cooperar relativamente a diversas questões.
O diplomata russo disse não crer que a essência da política dos EUA em relação à Rússia vá mudar com a nova administração, mas que esta o pode fazer "de forma mais educada".
A nomeação para o Departamento de Estado de diplomatas da administração Obama (2009-2017) permitirá iniciar negociações de forma mais rápida e possibilitará à Rússia entender a linha dos EUA, embora "eles mesmos não escondam particularmente suas intenções e planos em frequentes entrevistas, artigos e nas recomendações dos think-tanks que se fazem ouvir nos Estados Unidos, incluindo o Conselho Atlântico e outras estruturas", disse Lavrov.
"Está claro que a linha de domínio do Estado americano e do estilo de vida americano, a visão americana do modo de vida de outros países continuarão; a contenção tanto da China quanto da Rússia certamente estará na agenda da política externa, eles já estão pensando - 'como podemos fazer para garantir que a Rússia e a China não se unam ao ponto de se sentirem mais poderosas que a própria América?'", continuou.
Controle de arsenal nuclear
Na opinião do ministro Lavrov, Biden é um especialista em controle de armas, por isso tem esperança que ele esteja interessado em não ter uma administração propagandista. Lavrov chama a situação do controle de armas de "absolutamente anormal".
"Ouvimos falar da intenção da administração de Joe Biden de retomar o diálogo conosco sobre este tópico. Nomeadamente, tentar acordar a prorrogação do Tratado de Redução de Armas Estratégicas até ao termo de sua vigência, em 5 de fevereiro. Vamos esperar por propostas específicas. Nossa posição é bem conhecida, ela se mantém", disse Lavrov.
"Tentaremos chegar a um acordo sobre a prorrogação do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário antes que ele expire em 5 de fevereiro", afirmou Sergei Lavrov.
O tratado Novo START entre a Rússia e os EUA entrou em vigor em 5 de fevereiro de 2011, estipulando que os dois países devem reduzir seu arsenal nuclear para que, em sete anos e depois disso, o número total de mísseis balísticos intercontinentais, mísseis balísticos de lançamento submarino e lançados de bombardeiros pesados não exceda os 700, e não ultrapasse as 1.550 ogivas e 800 lançadores posicionados e não posicionados.
Hoje, o Novo START é o único tratado de limitação de armas em vigor entre a Rússia e os EUA. Se não for prorrogado, não restarão acordos que limitem os arsenais das duas grandes potências nucleares.