Conforme publicou a coluna da jornalista Andreia Sadi no portal G1, a postura do chanceler brasileiro Ernesto Araújo em relação à China, que ecoa críticas da família Bolsonaro ao país asiático, está dificultando o diálogo com Pequim por insumos necessários para a fabricação de vacinas no Brasil.
O IFA, a matéria-prima necessária para a fabricação da vacina CoronaVac pelo Instituto Butantan, fruto de parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, é produzido na China. O mesmo insumo é necessário para a fabricação da vacina Covishield pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem parceria pelo imunizante com a AstraZeneca/Oxford. O insumo das vacinas está terminando no Brasil, que tenta negociar o envio imediato com Pequim.
Ainda segundo o portal, o governo federal brasileiro está em contato com os chineses através do ministro Araújo e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Porém, assessores do Planalto temem que a postura do chanceler Ernesto seja um entrave nas negociações.
Diante disso, algumas possibilidades foram levantadas para levar a negociação adiante, entre elas o próprio presidente brasileiro Jair Bolsonaro entrar em contato com a presidência chinesa. Além disso, também se pensou em mobilizar ministros com boa relação com os chineses, o caso da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Uma outra frente de negociação seria usar o vice-presidente Hamilton Mourão, que já disse estar à disposição. O problema, ainda segundo a publicação, seria convencer o presidente Hamilton Mourão desta possibilidade. A discussão envolve, inclusive, a eventual demissão do chanceler brasileiro, o que também esbarra no presidente Bolsonaro, que é próximo do ministro.
O Brasil deu início à vacinação com a CoronaVac no domingo (17) e a vacina já foi distribuída a todos as unidades federativas do país. A vacina do Butantan teve seis milhões de doses liberadas para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência também liberou a vacina Covishield, da AstraZeneca/Oxford, desenvolvida em parceria com a Fiocruz, mas ainda não há doses prontas do imunizante no Brasil.