A entidade enviou ofício à pasta solicitando a "revogação de qualquer instrumento (Nota Técnica, Nota Informativa, Orientações, Protocolos ou Ofícios) que possa indicar o tratamento precoce com a aplicação de medicamentos cuja eficácia e segurança para a COVID-19 não está estabelecida cientificamente e nem aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)".
O CNS cita que, em entrevista coletiva concedida na segunda-feira (18), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o governo não recomenda "tratamento precoce", e sim "atendimento precoce" - o acolhimento em unidades de saúde aos pacientes desde os primeiros sintomas da doença.
No entanto, o Conselho lembra que o Ministério da Saúde, logo após a saída de Nelson Teich da chefia da pasta, publicou nota informativa que autoriza o tratamento precoce para COVID-19, indicando o manuseio de cloroquina e a hidroxicloroquina.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o infectologista e especialista em saúde pública Gerson Salvador avalia o risco de falta generalizada de oxigênio pelos hospitais do Brasil e fala sobre o tratamento precoce contra a COVID-19: "É um engodo" https://t.co/e7qQHGiRZl
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) January 20, 2021
Além disso, o CNS diz que o governo tem distribuído hidroxicloroquina aos estados para o tratamento da COVID-19. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o governo montou uma força-tarefa para ir a Manaus no início do ano, dias antes do sistema de saúde da cidade entrar em colapso por falta de oxigênio, fazendo pacientes com coronavírus morrerem.
Membros da comitiva teriam defendido na cidade a distribuição de ivermectina e hidroxicloroquina, e se queixado da não adoção do tratamento precoce.
Aplicativo do governo receita cloroquina
Além disso, o aplicativo TrateCov, lançado pelo Ministério da Saúde para orientar médicos no enfrentamento da COVID-19, recomenda o que chama de "tratamento precoce" a pacientes que podem ter sido ou não infectados pela doença. Entre a lista de remédios estão substâncias como cloroquina, azitromicina e ivermectina.
Segundo Débora Melecchi, coordenadora da Comissão Internacional de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica do CNS, "existem estudos comprovando que a cloroquina, a ivermectina e a azitromicina são completamente ineficazes para o tratamento da COVID-19, precoce ou em si".