O Ministério das Relações Exteriores russo disse no sábado (23) que os EUA deviam deixar de se intrometer nos assuntos internos da Rússia, criticando a embaixada norte-americana em Moscou por aparentemente fornecer ajuda aos manifestantes locais.
A embaixada tinha dito que estava monitorando "notícias sobre ações de protesto em 38 cidades russas" em apoio ao opositor russo Aleksei Navalny, afirmando que "apoia o direito de todas as pessoas a protestos pacíficos e à liberdade de expressão" e que as medidas das autoridades russas são supostamente "destinadas a suprimir esses direitos".
"Cuidem de seus próprios problemas e parem de interferir nos assuntos internos de outros Estados", disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em um post no Facebook.
Maria Zakharova, representante oficial do ministério, também comentou a publicação da Embaixada dos EUA, que indicou os percursos e horários das manifestações, e até os possíveis destinos, ao mesmo tempo que aconselhava os viajantes norte-americanos a se afastarem delas.
"O que foi isso: uma diretriz ou instrução? Tais planos não foram sequer anunciados pelos organizadores. Pode-se imaginar o que teria acontecido se a Embaixada da Federação da Rússia em Washington tivesse publicado um mapa dos percursos dos protestos, indicando o destino final, por exemplo, no Capitólio. Tal direcionamento no terreno resultaria em uma histeria global de políticos americanos, incluindo slogans russofóbicos, ameaças de sanções e expulsão de diplomatas russos", escreveu no Facebook.
Ela advertiu também que "nossos colegas americanos terão que se explicar na Praça Smolenskaya [edifício do Ministério das Relações Exteriores da Rússia]".
Anteriormente, policiais norte-americanos detiveram manifestantes em Washington, EUA, que estavam insatisfeitos com os resultados das eleições no país. O Ministério das Relações Exteriores russo referiu que a embaixada norte-americana não criticou a morte de cinco pessoas e a detenção de mais de uma centena, com Washington apelidando as ações pacíficas dos manifestantes como "um ataque à democracia".
"A hipocrisia é uma ferramenta da diplomacia norte-americana que se tornou particularmente perigosa no período da epidemia da COVID-19", concluiu.
No domingo (17), Navalny foi preso em Moscou após regressar de avião desde a Alemanha, sendo acusado de violar condições de pena suspensa de prisão e colocado sob custódia de 30 dias. Ele e seus apoiadores convocaram protestos no sábado (23) em Moscou e várias outras cidades na Rússia.