Nesta semana, a sociedade demonstrou indignação com a revelação de que, em meio à crise desencadeada pelo novo coronavírus, o governo gastou mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos ao longo do último ano, 20% a mais do que em 2019. E boa parte desses valores se concentraram em produtos dispensáveis, como chicletes, sorvetes, bombom, chantilly e bebida alcoólica.
Só em leite condensado, conhecido como uma das comidas preferidas do presidente Jair Bolsonaro, foram mais de R$ 15,6 milhões. No entanto, a empresa supostamente responsável pelo fornecimento do item, a Saúde & Vida Comercial de Alimentos Eireli, nega que tenha qualquer contrato com o governo nesse valor para a venda desse produto.
A fim de apurar os detalhes desses gastos, o deputado federal Helder Salomão (PT-ES) protocolou na Câmara um pedido de instalação da CPI do Leite Condensado.
A bancada do PT está recolhendo assinaturas para a CPI do LEITE CONDENSADO, proposta por mim. O governo tem muito a explicar ao povo brasileiro.
— Helder Salomão (@heldersalomao) January 27, 2021
"Esses números são absurdos. É preciso instaurar, com urgência, uma CPI para investigar esses gastos", disse o parlamentar, em nota enviada à Sputnik por sua assessoria. "O Brasil está atravessando uma de suas maiores crises. Desemprego altíssimo, cortes de verba para áreas essenciais como saúde e educação, pequenos empreendedores quebrando por falta de suporte do governo, o país de volta ao mapa da fome e o Ministério da Economia apresenta gastos absurdos com compra de chicletes?", indagou.
Para Salomão, "nada justifica" despesas tão altas com itens "supérfluos". E, "pelos valores que foram divulgados, há indícios de que o custo unitário dos produtos adquiridos foi superior ao praticado no mercado, o que por si só, já enseja a necessidade de rigorosa investigação para apurar se houve ou não superfaturamento".
"Para o bem da democracia, não pode haver suspeitas, desta natureza, sobre qualquer um dos poderes, em especial sobre o Poder Executivo."