Reino Unido afirma que está cumprindo os compromissos morais e históricos perante o povo de Hong Kong depois de a China ter imposto uma nova lei de segurança na cidade que viola os termos do acordo de devolução da colônia em 1997, segundo o ponto de vista britânico.
"Estou imensamente orgulhoso que trouxemos um novo caminho para os cidadãos britânicos ultramarinos de Hong Kong viverem, trabalharem e criarem sua casa em nosso país", afirmou o primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson, citado pela agência Reuters, se referindo aos passaportes nacionais britânicos no exterior (BNO, na sigla em inglês).
"Fazendo isso, honramos nossos laços profundos de história e amizade com o povo de Hong Kong e defendemos a liberdade e autonomia, valores caros para ambos, Reino Unido e Hong Kong", disse Johnson.
No entanto, a China e o governo de Hong Kong declararam que nenhum deles reconhecerá o passaporte especial como documento de viagem válido a partir de 31 de janeiro.
"O Reino Unido está tentando tornar um grande número de pessoas de Hong Kong em cidadãos britânicos da segunda classe. Isso mudou completamente a natureza original do BNO", disse o porta-voz da chancelaria chinesa Zhao Lijian durante um briefing.
A decisão de Pequim de não reconhecer esse documento de viagem é muito simbólico, dado que os residentes de Hong Kong normalmente não usam passaportes BNO para viajar para o continente. O titular de um passaporte BNO pode ainda usar seu passaporte de Hong Kong ou cédula de identidade.
A imposição por Pequim da lei da segurança nacional em junho de 2020 no território da antiga colônia levou o Reino Unido a oferecer refúgio, a partir de 31 de janeiro, para os cerca de três milhões de residentes de Hong Kong elegíveis para receber os passaportes BNO.
O regime, anunciado pela primeira vez no ano passado, permitirá às pessoas que têm passaportes BNO viver, estudar e trabalhar no Reino Unido durante cinco anos e finalmente solicitar cidadania britânica.
De acordo com as previsões do governo britânico, o novo visto poderia atrair 300 mil pessoas e seus dependentes para o Reino Unido e gerar até £ 2,9 bilhões (R$ 29 bilhões) de benefício líquido para a economia do país nos próximos cinco anos.