Três fragmentos de tecidos coloridos com o corante púrpura real datados da época do rei Davi e do rei Salomão foram encontrados por pesquisadores israelenses no vale de Timna, ao sul de Israel, reporta o Phys.org. A pesquisa foi conduzida por arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, na sigla em inglês) em conjunto à Universidade de Tel Aviv, e aponta que os fragmentos datam da Idade do Ferro (500 a.C. a 332 a.C.).
A datação direta por radiocarbono confirma que os achados datam de aproximadamente 1000 a.C., correspondendo às monarquias bíblicas de Davi e Salomão em Jerusalém. No mundo antigo, o corante púpura era associado à realeza e ao sacerdócio, além de confirmarem diversas passagens da Bíblia que citam sua existência.
"O rei Salomão fez para si a carruagem de madeira do Líbano. Seus pilares ele fez de prata, sua base de ouro. Seu assento era forrado de púrpura, seu interior incrustado de amor" (Cântico dos Cânticos 3: 9-10).
O corante era valioso na época por sua extração, já que era produzido por glândulas corantes colhidas de três espécies de caramujos marinhos nas margens do mar Mediterrâneo. Para chegar às famosas Minas de Cobre do rei Salomão em Timna, o tecido teria viajado centenas de quilômetros, o que apenas aumentava seu prestígio e valor.
O curador de achados orgânicos da IAA, dr. Naama Sukenik, confirma a preciosidade da descoberta.
"Esta é uma descoberta muito emocionante e importante. Suponho que se dermos uma espiada no armário do rei Davi e do rei Salomão veremos roupas semelhantes, e talvez ainda mais roxas. [...] A cor imediatamente chamou nossa atenção, mas achamos difícil acreditar que havíamos encontrado o verdadeiro roxo de um período tão antigo", comentou Sukenik citado pela mídia.
Segundo o mesmo, o que possibilita encontrar os tecidos com as cores ainda vibrantes é que as glândulas dos caramujos não permitem que a cor desbote ao longo do tempo.
As peças foram levadas de volta para o laboratório da Universidade Bar Ilan (Israel), onde foi confirmado que as moléculas 6-monobromoindigotina e 6,6-dibromoindigotina contidas nos tecidos (exclusivas dos moluscos que produzem o verdadeiro corante roxo) estavam presentes nos restos têxteis.
De acordo com Sukenik, "Identificar corantes orgânicos em têxteis arqueológicos é uma tarefa complexa devido à baixa concentração das moléculas nas fibras e à quantidade limitada de material disponível para análises destrutivas" e que ter a possibilidade de realizar tão detalhada análise, traz informações preciosas sobre evidências adicionais na compreensão dos povos nômades daquele período.