A cepa B.1.1.7, que foi sequenciada no Reino Unido em dezembro de 2020, tem 29 mutações relativamente à cepa de Wuhan.
Os pesquisadores, usando modelação computorizada, determinaram como mutações diferentes da cepa britânica afetam a velocidade de propagação e gravidade da infeção, bem como a replicação e patogênese do vírus, segundo estudo publicado no portal bioRxiv.
Para explicar a frequência invulgarmente alta de mutações que ocorrem na proteína S e domínio N-terminal os cientistas sugerem três explicações:
- Infeção prolongada pelo vírus de um paciente com sistema imunológico fraco permitiu ao vírus sofrer mutações com alta velocidade;
- As mutações de adaptação começaram ainda nos animais hospedeiros, foram transferidas ao ser humano por meio de transmissão zoonótica e continuaram no organismo do humano hospedeiro;
- Processo de seleção na estrutura do vírus sob pressão por parte dos anticorpos.
Os cientistas avaliaram a força das ligações de hidrogênio entre proteínas S do vírus e receptores ACE2 nas cepas de Wuhan e britânica. A análise da estabilidade do complexo proteico do vírus durante um longo período de tempo foi realizada usando o método da dinâmica molecular.
Os resultados da modelação mostraram que a estabilidade das ligações de hidrogênio na cepa britânica é mais alta. Além disso, sua proteína S forma mais ligações com receptores das células do hospedeiro e estas ligações permanecem durante um tempo mais longo.
A velocidade estimada de transmissão da cepa B.1.1.7 é 70% mais alta e a quantidade de reproduções é 0,4 maior de que na cepa de Wuhan.
O maior perigo, segundo os cientistas, é que o método de transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) pode não identificar o RNA da nova cepa. O antígeno S, alterado por mutações, pode lhe permitir evitar a neutralização por anticorpos e diminuir a eficácia das vacinas.
Ao mesmo tempo, a multiplicidade de mutações implica o enfraquecimento do vírus, o que, provavelmente, levaria a formas mais leves da doença, segundo cientistas.