Mães podem transmitir sua imunidade contra o SARS-CoV-2 aos bebês a que dão à luz, aponta um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics.
A dra. Karen Puopolo e dr. Scott Hensley da Faculdade de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia, EUA, autores da pesquisa, analisaram amostras de sangue de mais de 1.470 mulheres grávidas, 83 das quais testaram positivo para anticorpos para SARS-CoV-2 até o parto, e descobriram que a maior parte dos bebês testou positivo para a presença de anticorpos, seja com ou sem sintomas da COVID-19.
"Quanto maior [o] tempo entre a infecção materna e o parto, maior a transferência de anticorpos", relataram Puopolo e Hensley ao portal Live Science.
Apesar de tudo, apenas pequenos anticorpos em forma de Y, chamados imunoglobulina G (IgG, na sigla em inglês) conseguem ligar-se ao domínio de ligação ao receptor (RBD, na sigla em inglês), o mesmo usado pela proteína spike (espigão) do coronavírus, que lhe permite se acoplar ao receptor ACE2 das células humanas, dando início à infecção.
Assim, o IgG foi registrado em 72 dos 83 recém-nascidos, com a quantidade total correlacionada a concentrações de IgG no sangue de suas mães.
Semelhantemente, em um editorial publicado na sexta-feira (29) na revista JAMA Network, a dra. Flor Muñoz-Rivas, professora associada de Doenças Infecciosas Pediátricas na Faculdade de Medicina Baylor em Houston, EUA, que não esteve envolvida no estudo, sugeriu que as mulheres grávidas esperem cerca de 17 semanas após a gestação para serem vacinadas, e assim maximizarem o número de anticorpos transmitidos ao bebê.
Apesar das descobertas, "ainda há trabalho a ser feito para determinar que níveis e tipos de anticorpos são necessários para proteger os recém-nascidos da infecção pelo SARS-CoV-2, [...] quanto tempo esses anticorpos podem durar em sua circulação, e quão bem os anticorpos criados os protegem do novo coronavírus", adverte a equipe de cientistas.