De acordo com o boletim mensal de produção de petróleo e gás, a alta acumulada desde 2016 chegou a 17,1%.
O estudo também mostrou que, em relação ao ano de 2019, a produção de gás natural aumentou 4,1%. Em relação ao período acumulado desde 2016, este índice cresceu 23,1%.
O economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmar de Almeida, em entrevista à Sputnik Brasil, disse que os números da ANP confirmam uma tendência de aumento da produção de petróleo já esperada.
De acordo com ele, esta tendência se deve à descoberta do pré-sal, considerando que o Brasil tem muitos campos em desenvolvimento no pré-sal.
"Provavelmente, a produção entre 2020 e 2025 deverá crescer algo em torno de 800 [mil] até um milhão de barris. Então, na verdade, esses números só confirmam essa tendência. O Brasil vem se colocando cada vez mais como um dos grandes exportadores de petróleo", declarou.
A produção total do pré-sal em dezembro representou 69% da produção nacional de gás natural e petróleo.
Ao comentar as perspectivas para a produção neste ano, Edmar de Almeida observou que a pandemia da COVID-19 atrasou muitos projetos em 2020, portanto é provável que o crescimento que era previsto para este ano, em torno de 300 mil barris, seja adiado.
"É possível que o Brasil em 2021 mantenha a produção de 2020, não cresça em 2021, em função de atrasos em vários projetos, por causa da pandemia da COVID-19", destacou o especialista em petróleo e gás.
Vaga na OPEP
O economista da UFRJ também avaliou as perspectivas do Brasil para uma possível na entrada na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), tendo em vista o crescimento da produção de petróleo no país.
De acordo com o Edmar de Almeida, a participação do Brasil como membro da "é pouco provável". O especialista argumentou que o Brasil teria poucos meios para poder estabelecer cotas de produção no país, considerando que o Brasil "tem uma indústria com uma participação do governo cada vez menor" e vem "atraindo capital privado para a produção de petróleo".
"Politicamente isto seria difícil de ser implementado. Em função do tamanho do Brasil, da importância da economia do país, eu não acredito que seja uma estratégia perseguida pelo governo brasileiro. O governo brasileiro vai buscar, de certa forma, manter sua autonomia na política petroleira", disse o economista.
No entanto, o especialista destacou que isso não impede que o Brasil "participe de conversas e acordos com a OPEP+ e busque contribuir de alguma maneira para a coordenação do mercado de petróleo no mundo".
"Há incentivo para que o governo brasileiro busque cooperar com a OPEP e outros grandes países produtores para que o mercado internacional seja um mercado estável e que não aconteça algo parecido com o que aconteceu em 2020, no início do ano, quando teve problemas de coordenação com impactos muito bruscos no preço do petróleo", completou.