O Exército israelense realizou treinamentos militares no sul da Cisjordânia na terça (2) e na quarta-feira (3). Centenas de soldados e cerca de 60 veículos participaram da atividade. Contrariando as promessas explícitas que o Exército deu aos residentes da área, os veículos saíram das estradas, entrando em terras cultivadas por palestinos e prejudicando as safras.
"As crianças e minha mãe idosa estavam com muito medo. Parecia um terremoto contínuo […]. Por medo, minha mãe queria entrar em uma caverna residencial [referência às cavernas na área que as pessoas converteram em casas], mas é perigoso porque a caverna pode desabar com o tremor […]. Então saímos para o frio. Ninguém dormiu naquela noite em Jinba", afirmou Issa Younes, residente da aldeia de Jinba, ao jornal Haaretz.
Na quarta-feira (3), um comboio de veículos entrou na vila e lá permaneceu por cerca de três horas, manobrando entre os prédios, causando danos no local, reporta a mídia.
Exercícios em campos agrícolas
Desde que as atividades militares foram anunciadas, os residentes da aldeia Masafer Yatta temiam danos a seus campos, plantações e canos de água, por isso enviaram cartas ao Exército israelense alertando sobre o potencial de danos. Israel respondeu afirmando que os comboios não sairiam das estradas ou atrapalhariam o tráfego dos moradores.
"Uma diretiva foi emitida proibindo a implantação de veículos blindados de combate em campos agrícolas e locais com tráfego […]. A implantação foi revisada para evitar tais danos", garantiu o porta-voz da unidade das Forças de Defesa de Israel (FDI) ao Haaretz antes dos exercícios.
Mas, de acordo com a mídia, os veículos pesados saíram das estradas e foram para campos cultivados de propriedade privada pertencentes aos aldeões em Jinba, Markaz, Bir al-Eid, Tawamin e Atariya. Dessa forma, o Exército israelense teria causado danos às plantações, bem como às cisternas na área, que são vitais para os residentes.
O exercício militar das FDI desta semana foi o primeiro na região desde 2013.