Militares de Mianmar bloqueiam Facebook, enquanto chefe da ONU diz que golpe deve fracassar

© REUTERS / Stringer Soldado do Exército de Mianmar na frente da sede da prefeitura de Yangon, Mianmar, 1º de fevereiro de 2021
Soldado do Exército de Mianmar na frente da sede da prefeitura de Yangon, Mianmar, 1º de fevereiro de 2021  - Sputnik Brasil, 1920, 04.02.2021
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Na segunda-feira (1º), militares mianmarenses detiveram a conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, o presidente Win Myint, e outros líderes do país.

Os generais de Mianmar ordenaram que os provedores de Internet restringissem o acesso ao Facebook nesta quinta-feira (4). A informação foi confirmada pela Telenor, uma das principais provedoras de telecomunicações do país, que disse que as autoridades ordenaram que a empresa "bloqueie temporariamente" o acesso ao Facebook.

A empresa norueguesa afirmou que tinha de cumprir, mas "não acredita que o pedido se baseie na necessidade e na proporcionalidade, de acordo com o direito internacional dos direitos humanos", reporta a agência AFP.

O Facebook confirmou que o acesso "está atualmente interrompido para algumas pessoas" e pediu às autoridades que restaurassem a conectividade. O NetBlocks, que monitora interrupções na Internet em todo o mundo, disse que as interrupções também afetaram aplicativos de propriedade do Facebook, como Instagram e WhatsApp.

© REUTERS / StringerSaudação de Jogos Vorazes, com três dedos levantados, é usada por manifestantes para protestar contra o golpe militar em Mianmar
Militares de Mianmar bloqueiam Facebook, enquanto chefe da ONU diz que golpe deve fracassar - Sputnik Brasil, 1920, 04.02.2021
Saudação de Jogos Vorazes, com três dedos levantados, é usada por manifestantes para protestar contra o golpe militar em Mianmar

O Ministério das Comunicações e Informação comunicou horas depois que o Facebook, usado por metade dos mais de 53 milhões de habitantes de Mianmar, seria bloqueado até 7 de fevereiro porque os usuários estavam "espalhando notícias falsas e desinformação e causando mal-entendidos", reporta a AFP.

Algumas pessoas usaram VPNs para evitar o bloqueio. O Twitter, que não foi bloqueado, teve um aumento de novos usuários. #CivilDisobedienceMovement foi a hashtag mais popular no país, com #JusticeForMyanmar logo atrás. Um pequeno protesto realizado nesta quinta-feira (4) teve manifestantes carregando cartazes que diziam "Protesto popular contra o golpe militar!". A mídia local disse que a polícia prendeu quatro pessoas.

"Temos poder digital [...] então temos usado isso desde o primeiro dia para nos opor à junta militar", explicou à AFP o ativista Thinzar Shunlei Yi, que está por trás do Movimento de Desobediência Civil que se espalha pelas plataformas de mídia social.

ONU se pronuncia

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou na quarta-feira (3) que faria o que estivesse ao seu alcance para mobilizar os atores-chave da comunidade internacional para colocar pressão suficiente sobre Mianmar para garantir que o golpe militar da última segunda-feira (1º) fracasse.

"Depois de eleições que acredito terem transcorrido normalmente, e após um grande período de transição, é absolutamente inaceitável mudar os resultados das eleições e a vontade do povo", disse Guterres em entrevista ao jornal Washington Post.

O secretário-geral da ONU concluiu afirmando que espera "que a democracia possa avançar novamente em Mianmar, mas para isso todos os prisioneiros devem ser libertados e a ordem constitucional deve ser restaurada".

© AP Photo / Khalil SenosiSecretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres
Militares de Mianmar bloqueiam Facebook, enquanto chefe da ONU diz que golpe deve fracassar - Sputnik Brasil, 1920, 04.02.2021
Secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres

Golpe militar

Na manhã de segunda-feira (1º), os militares mianmarenses detiveram a conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, o presidente Win Myint, e outros líderes do país. A Liga Nacional para a Democracia (LND) estava no comando do país após ter saído vitoriosa das eleições de 8 de novembro, a segunda votação em Mianmar desde o fim do regime militar em 2011.

Os militares de Mianmar acusaram o governo de conduzir as eleições de forma fraudulenta e já haviam prometido "agir" na semana passada. Após deter líderes da LND, o Exército decretou estado de emergência em Mianmar. As Forças Armadas devem assumir o controle do país por um ano e a presidência interina ficará a cargo do comandante Min Aung Hlaing.

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