A Coreia do Norte manteve e desenvolveu seus programas de mísseis nucleares e balísticos ao longo de 2020, violando, dessa forma, as sanções internacionais. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), parte do financiamento, cerca de US$ 300 milhões (aproximadamente R$ 1,6 bilhão), veio de dinheiro roubado por meio de ataques cibernéticos.
O relatório de monitores de sanções independentes disse que Pyongyang "produziu material físsil, manteve instalações nucleares e atualizou sua infraestrutura de mísseis balísticos", enquanto continuava a buscar material e tecnologia para esses programas no exterior, reporta a agência Reuters, que teve acesso ao documento.
No ano passado, a Coreia do Norte exibiu novos sistemas de mísseis balísticos intercontinentais e de curto e médio alcance lançados por submarinos em desfiles militares, relembra o relatório.
O documento da ONU afirma que um estado-membro não identificado avaliou que, a julgar pelo tamanho dos mísseis da Coreia do Norte, "é altamente provável que um dispositivo nuclear" possa ser montado em mísseis balísticos de longo, médio e curto alcance.
"O estado-membro, no entanto, disse que é incerto se a RPDC [República Popular Democrática da Coreia] desenvolveu mísseis balísticos resistentes ao calor gerado durante a reentrada" na atmosfera, aponta o relatório.
Embora não tenha ocorrido testes nucleares ou de mísseis balísticos em 2020, Pyongyang "anunciou a preparação para o teste e a produção de novas ogivas de mísseis balísticos e o desenvolvimento de armas nucleares táticas", descreve o documento.
O relatório acusa o regime liderado por Kim Jong Un de conduzir "operações contra instituições financeiras e casas de câmbio virtuais" para pagar por armas e manter a economia do país no azul. Outro país não identificado, mas que é membro da ONU, afirma que hackers roubaram ativos virtuais no valor de US$ 316,4 milhões (aproximadamente R$ 1,7 bilhão) entre 2019 e novembro de 2020.
O relatório anual para o comitê de sanções do Conselho de Segurança da ONU para a Coreia do Norte chega poucas semanas depois que Joe Biden assumiu o cargo de presidente dos EUA.
Um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano afirmou na segunda-feira (8) que a administração Biden planeja uma nova abordagem para a Coreia do Norte, incluindo uma revisão completa com os aliados "sobre as opções de pressão em curso e o potencial para qualquer diplomacia futura".