"Com o novo governo em Washington, há uma oportunidade de tentar uma nova abordagem, mas a atual janela está fechando rapidamente", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, nesta quarta-feira (10), segundo vídeo publicado pela agência Mehr.
O ministro afirmou que o governo iraniano está pronto para tomar novas medidas de retaliação e se desviar ainda mais do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) que foi assinado entre o Irã e seis grandes potências globais em 2015, impondo restrições às ambições nucleares de Teerã.
"Em breve, minha administração terá de tomar novas ações de retaliação, em resposta ao infeliz não cumprimento de seus compromissos pelos Estados Unidos e Europa", notou Zarif, adicionando que o Irã está pronto para prosseguir com seu plano de cortar a cooperação com os inspetores da AIEA.
"Isto pode ser evitado apenas se os Estados Unidos decidirem aprender com a derrota máxima de Trump e não se inclinar para esta", afirmou o ministro.
O JCPOA fracassou em 2018, quando o ex-presidente dos EUA Donald Trump retirou unilateralmente os EUA do acordo e impôs sanções ao Irã.
O Irã estabeleceu 21 de fevereiro como prazo final para os Estados Unidos e seus aliados ocidentais, após o que Teerã proibirá os inspetores internacionais de visitarem os locais nucleares iranianos caso as sanções não sejam canceladas.
No janeiro passado, o Irã começou a aumentar o nível do enriquecimento de urânio até 20%, o que é mais alto do que os 3,67% estabelecidos pelo acordo de 2015, mas ainda muito menor do que a taxa de 90% que é considerada suficiente para produzir armamento nuclear.
Na semana passada, o presidente Hassan Rouhani reconfirmou a vontade do Irã de voltar ao acordo, reconhecendo que o cancelamento das sanções seria benéfico para todas as partes, mas adicionou que "nenhuma cláusula do JCPOA será mudada e nenhum novo membro será adicionado a este acordo internacional".
No entanto, a administração Biden não respondeu aos apelos iranianos. O novo secretário de Estado, Antony Blinken, expressou preocupações quanto à capacidade do Irã de desenvolver armas nucleares dentro de meses.