Cientistas observaram que as pernas das aranhas têm "mentes próprias", construindo teias sem a supervisão do cérebro. Os pesquisadores afirmam que a descoberta tem implicações importantes para o campo da robótica, uma vez que os engenheiros podem se inspirar nesse exemplo de inteligência descentralizada para construir membros autônomos em robôs. Os resultados foram publicados na revista científica Journal of The Royal Society Interface.
"Dada a incrível complexidade das teias de aranha, devemos perguntar como um animal tão pequeno, com um cérebro obviamente diminuto, pode projetar e construir esta estrutura avançada […]. Filmando e rastreando os movimentos de suas oito pernas, fomos capazes de rastrear a construção de uma teia de aranha […] revelando […] uma espécie de dança em torno de um eixo central, com uma coreografia precisa de regras replicáveis", afirma Fritz Vollrath, principal autor do estudo em artigo no portal The Conversation.
Vollrath explica que a aparente complexidade da estrutura é o resultado de uma longa sequência de milhares de pequenos passos e ações, cada um baseado nos passos e ações anteriores.
"Cada passo e manipulação do fio segue um padrão de ação fixo, com uma das pernas da aranha medindo um ângulo e uma distância para colocar e, em seguida, conectar um fio a outro com um toque rápido de cola, sempre com precisão e espaçamento impecáveis", descreve o cientista.
Dessa forma, as oito pernas da aranha constroem as teias de forma semiautônoma. Quando a perna de uma aranha fica presa, ela é descartada e uma perna mais curta se regenera na próxima vez que a aranha muda seu exoesqueleto. A evolução providenciou para que as pernas pensem por si mesmas, comentam os cientistas, o que significa que as diferentes propriedades das pernas regeneradas não afetam a construção de uma teia.
"Isso alivia o cérebro de microgerenciar oito pernas executando atividades complicadas, liberando-o para se concentrar em ações de sobrevivência, como a vigilância de predadores. Este sistema eficiente e descentralizado é extremamente relevante para roboticistas modernos, que muitas vezes se inspiram no mundo natural em seus projetos artificiais", explica Vollrath.
Os roboticistas chamam essa façanha de computação morfológica e só recentemente descobriram seu poder. O cientista comenta que a Araneus diadematus, conhecida como aranha de jardim, usa esse truque há mais de 100 milhões de anos.