Carole Fritz, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, e Gilles Tosello, cientista do Centro de Pesquisa de Arte Pré-histórica de Toulouse, recuperaram o búzio marinho de 17.000 anos.
A concha, que tem 31 centímetros de comprimento e 18 centímetros de largura, foi tocada com a ajuda de um músico especializado em instrumentos de sopro, produzindo o som de trompa em três notas diferentes.
O estudo, publicado na revista Science Advances, dá pistas sobre uma dimensão musical antes desconhecida das sociedades europeias do Paleolítico.
"Isto estabelece uma forte ligação entre a música tocada com a concha e as imagens e representações nas paredes", explicou Gilles Tosello da Universidade de Toulouse. "Ao que sabemos, esta é a primeira vez que podemos colocar em evidência a relação entre música e arte rupestre na pré-história europeia".
"Este trabalho permite adicionar sons a uma época que conhecemos apenas através de imagens e objetos. Não temos qualquer informação sobre o idioma falado, cantos ou contexto acústico desta cultura", afirmou Tosello.
"Com esta concha podemos escutar como soava este momento da história", enfatizou.
Listen to the sound of this ancient seashell found in a cave, a 17,000-year-old musical instrument.
— M.P. (@OmanReagan) February 10, 2021
From Fritz et al. 2021 "First record of the sound produced by the oldest Upper Paleolithic seashell horn" https://t.co/LIkFZVLbCy pic.twitter.com/IR9txctL3A
Escute o som desta antiga concha encontrada em uma caverna, um instrumento musical de 17.000 anos. "É a primeira gravação do som produzido por uma concha do Paleolítico Superior", afirmou Fritz.
O objeto foi descoberto pela primeira vez em 1931, contudo, naquela ocasião, seu descobridor pensou que o objeto era uma taça cerimonial e o guardou na coleção do Museu de História Nacional de Toulouse.
Após 20 anos trabalhando na caverna para estudar a arte rupestre, Fritz e Tosello descobriram a serventia da concha.
Através da fotometria, os cientistas analisaram o interior da concha, notando que havia nela um orifício adicional, que poderia ter sido utilizado para acomodar algum tipo de boquilha e cortes na outra extremidade, que serviriam para modular o som.
De acordo com os cientistas, a concha também mostra a capacidade dos antigos humanos de transformar um objeto complexo em um instrumento de sopro.