O aviso chega após seis dias consecutivos de manifestações contra o golpe militar que destituiu a líder civil e conselheira de Estado Aung San Suu Kyi, e depois que o presidente dos EUA Joe Biden anunciou ontem (10) a imposição de sanções contra os generais.
Enquanto as manifestações têm sido majoritariamente pacíficas, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, canhões com jatos d'água e balas de borracha para reprimi-las no início desta semana, com alguns relatos isolados de uso de munição real por parte dos agentes.
No início da noite desta quinta-feira (11), o comandante em chefe das Forças Armadas, o general Min Aung Hlaing, que agora também controla os poderes executivo, legislativo e judiciário, pediu aos funcionários públicos que voltem ao trabalho após dias de paralisações em todo o país em apoio aos protestos.
"Devido à incitação inescrupulosa de algumas pessoas, alguns funcionários do serviço público deixaram de cumprir suas funções", disse Hlaing em comunicado. "Ações efetivas serão tomadas", acrescentou o general, citado pela agência de notícias France-Presse.
Desde o golpe ocorrido em 1º de fevereiro, milhares de manifestantes estão indo às ruas para desafiar os militares e exigir a libertação de Suu Kyi e de outras figuras de seu partido, a Liga Nacional pela Democracia.
Os manifestantes marcharam novamente nas ruas da capital Naypyidaw nesta quinta-feira (11), assim como em Rangum, a maior cidade e centro econômico do país.
"Não vão para o escritório", gritava um grupo de manifestantes nos arredores do banco central de Mianmar em Rangum, como parte de um esforço para pedir que as pessoas boicotem o trabalho para fazer pressão contra a junta militar.
"Não vamos fazer isso por uma semana ou um mês, estamos determinados a fazê-lo até o fim, quando [Suu Kyi] e o presidente U Win Myint forem libertados", disse um funcionário do banco à AFP.
Entre os manifestantes também havia dezenas de integrantes das minorias étnicas Karen, Rakhine e Kachin, grupos que já sofreram perseguições intensas por parte dos militares.
"Nossos grupos étnicos e armados devem se juntar para enfrentar a ditadura militar", afirmou Saw Z Net, um manifestante da etnia Karen, à agência de notícias francesa.