"Precisamos reformar a Constituição. Primeiro, porque os poderes atuais do chefe de Estado, do presidente, são muito duros para uma pessoa, e não tenho certeza que aquele que chegar ao poder mais adiante poderá lidar com isso", disse Lukashenko durante reunião da Assembleia Popular bielorrussa, que reúne cerca de 2.700 pessoas entre integrantes do governo, empresários e representantes dos setores da sociedade.
O presidente convidou os delegados presentes na assembleia a imaginarem o que poderia acontecer se "alguns dos que fugiram do país ou alguns dos manifestantes chegassem ao poder".
Segundo Lukashenko, com a Constituição atual, "o presidente pode buscar assistência no exterior, e tropas estrangeiras vão chegar aqui, e tudo isso será legal".
"Vou lhes dizer que nosso país deve permanecer um república presidencialista mesmo sem Lukashenko. Ela vai existir sem Lukashenko. Os senhores sabem, posso ser um herói e tudo isso, mas o tempo vai chegar, talvez não hoje, mas amanhã ou depois de amanhã, e novas pessoas vão chegar. Eles já estão batendo na porta, eu posso ouvir", concluiu Lukashenko.
A Bielorrússia enfrenta protestos desde a eleição presidencial de 9 de agosto de 2020, marcada por alegações de fraude eleitoral. Aleksandr Lukashenko, que está no poder desde 1994, rejeita as críticas e as acusações.https://t.co/v3ChbcqTO2
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) January 10, 2021
O líder bielorrusso, no entanto, manifestou dúvidas sobre se a oposição realizaria eleições se tivesse conseguido chegar ao poder após desafiar sua vitória.
"Não haveria nenhuma nova eleição e está claro quem lideraria isso", disse Lukashenko.
O presidente bielorrusso lembrou que se encontrou com ativistas da oposição presos em um centro de detenção no ano passado, e enfatizou que o povo bielorrusso jamais aceitaria as suas políticas.
"Lutei pelo poder para vencer e eles vieram para me derrubar. Bem, sinto muito, derrubar é uma resposta reativa, então o que vocês queriam de mim?", acrescentou Lukashenko.
A Bielorrússia mergulhou em protestos em agosto de 2020, depois que a oposição contestou a reeleição de Lukashenko para um sexto mandato, alegando que a estreante na política Svetlana Tikhanovskaya era a verdadeira vencedora.
As manifestações antigovernamentais continuam até hoje, mas seus números vêm diminuindo consistentemente. Tikhanovskaya, por sua vez, continua buscando o apoio da Europa e do Ocidente a partir de seu exílio na Lituânia.