Desde a tomada de posse de Joe Biden que Washington tem dito que quer desenvolver fortes laços de defesa com as Filipinas. O secretário de Defesa dos EUA, Antony Blinken, reafirmou a aliança EUA-Filipinas no final de janeiro deste ano, incluindo apoio americano a Manila contra ataques armados no mar do Sul da China, informa o South China Morning Post.
Na terça-feira (9), o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, falou com seu homólogo de Manila, Delfin Lorenzana, sublinhando a importância de fortalecer as Forças Armadas filipinas, bem como do Acordo de Forças Visitantes (VFA, na sigla em inglês), suspenso pelo presidente filipino Rodrigo Duterte no ano passado, como resposta ao cancelamento do visto americano ao senador e ex-policial Ronald dela Rosa, que conduziu a guerra severa de Duderte contra as drogas.
Alguns observadores diplomáticos disseram que há um impulso nas Filipinas para renovar o acordo, considerando o aumento da domínio do gigante asiático no mar do Sul da China.
A recente aprovação de uma lei chinesa que confere autoridade à Guarda Costeira chinesa para atirar em embarcações estrangeiras foi vista pelas Filipinas como "uma lança em nossa direção", nas palavras de Renato Cruz De Castro, professor de Relações Internacionais na Universidade De La Salle, em Manila.
"No governo [filipino] existe uma facção pró-China e uma facção a pró-América. Parece que agora a facção pró-América se está tornando dominante […] especialmente por causa da recente ação da China, a lei chinesa relativamente à guarda costeira", refere o professor, citado pela mídia chinesa.
Os EUA têm revisado sua estratégia na região do Indo-Pacífico para contrabalançar Pequim, incluindo mais treinamentos e exercícios conjuntos com seus aliados. No ano passado, chegaram a sugerir a criação de uma nova frota naval com base em Singapura, mas o plano acabou por ser rejeitado pela cidade-Estado.
No momento, o papel das Filipinas seria crucial para os EUA na região, visto que Manila tem estado politicamente mais próxima dos EUA, dizem os observadores.
Tian Shichen, capitão da Marinha chinesa aposentado, disse que as Filipinas seriam a chave para os EUA manterem seu domínio na primeira corrente de ilhas, que vai do Japão até o Sudeste Asiático.
"As Filipinas serão geograficamente muito importantes para os EUA. Biden desenvolverá a cooperação com os aliados e, certamente, se esforçará por estreitar os laços com as Filipinas", disse o ex-militar, citado pelo South China Morning Post.
Collin Koh, pesquisador na Escola de Estudos Internacionais de S. Rajaratnam, na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, no entanto, advertiu que poderá haver alguma animosidade pelo fato de a administração Biden supostamente poder vir a insistir nas questões da democracia, direitos humanos e liberdades nas Filipinas.
"Este é um potencial ponto de fricção que, caso não seja trabalhado devidamente, poderá prejudicar as relações bilaterais [entre EUA e Filipinas]", referiu Koh, citado no texto.