O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes rebateu, na tarde desta terça-feira (16), a ironia do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas contra o também ministro da corte Edson Fachin. Em sua conta no Twitter, Mendes reagiu à postura do general, defendendo o tribunal e se posicionando contra a ditadura militar, que durou de 1964 a 1985 no país.
A harmonia institucional e o respeito à separação dos poderes são valores fundamentais da nossa república. Ao deboche daqueles que deveriam dar o exemplo responda-se com firmeza e senso histórico: Ditadura nunca mais!
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) February 16, 2021
Na segunda-feira (15), Fachin condenou a revelação de que o ex-comandante do Exército articulou com o Alto Comando da Força para pressionar a corte a não conceder o habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em abril de 2018. Na ocasião, Villas Bôas escreveu um tweet que chegou a ser interpretado como uma ameaça de golpe, caso Lula fosse favorecido.
"Anoto ser intolerável e inaceitável qualquer forma ou modo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário. A declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e atenta contra a ordem constitucional. E ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituição", disse Fachin, em nota, na segunda-feira (15).
Em seguida, na manhã desta terça-feira (16), o general ironizou o fato de o ministro só ter se posicionado após três anos.
Três anos depois
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) February 16, 2021
Na época, o STF acabou não acatando o habeas corpus impetrado na corte pela defesa de Lula, que foi preso alguns dias depois. O ex-presidente também foi impedido de concorrer à presidência da República naquele ano e cumpriu pena até novembro de 2019.
Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) April 3, 2018
As eleições de 2018 foram vencidas pelo atual presidente Jair Bolsonaro (até então no PSL e, atualmente, sem partido), no segundo turno, contra Fernando Haddad (PT).
Relator do pedido de Lula em 2018, Edson Fachin votou contra o habeas corpus, que foi de fato negado pelo plenário do Supremo por 6 a 5.