Os haitianos, que estavam há cinco dias em território brasileiro, ingressaram no departamento de Madre de Dios, na Amazônia peruana.
O objetivo do grupo era cruzar a fronteira para depois seguir viagem, mas um bloqueio de militares e policiais impedia a passagem dos haitianos.
"Uma caravana de centenas de migrantes haitianos ingressou à força no território peruano, através da Ponte da Integração, que une a cidade brasileira de Assis a Iñapari, no departamento peruano de Madre de Dios, após superar em número o controle policial", informou a emissora de rádio peruana RPP.
Confronto com polícia peruana
Autoridades do departamento de Madre de Dios pediram intervenção da chancelaria peruana para evitar um confronto social, pois a situação é tensa no local e há um grande número de migrantes.
De acordo com relatos, o grupo foi reprimido pela tropa de choque do Peru após entrar no território do país. Segundo a rádio peruana Madre de Dios, dezenas de policiais empurraram, com escudos, os haitianos de volta para a ponte que separa os dois países.
De acordo com militares locais, os haitianos serão expulsos do Peru. A fronteira do país com o Brasil está fechada no local devido à pandemia do coronavírus.
“Hoje, eles informaram que às 11h usariam as mulheres e crianças como escudo para ultrapassar a barreira militar do Peru. Conseguiram forçar a entrada, mas foram recebidos com muita agressão física. Há gestantes que estão perdendo seus bebês na calçada", disse em entrevista à Folha de S.Paulo a secretária de Assistência Social de Assis Brasil, Johanna Meury Oliveira.
Caminho de volta
Alguns haitianos, que vieram de cidades da região Sul e Sudeste do Brasil, estavam acampados desde domingo (14) sobre a ponte binacional. Além disso, outros migrantes estão em abrigos disponibilizados pela prefeitura de Assis Brasil e casas alugadas por conta própria.
O prefeito da cidade acreana, Jerry Correia (PT), disse que a situação no município é caótica.
Há cerca de dez anos, milhares de migrantes entraram no Brasil após o terremoto que atingiu o Haiti. Agora, com a crise econômica e a pandemia do coronavírus, eles estariam buscando outros países para se estabelecer.