Em um novo estudo, publicado na Scientific Reports, pesquisadores do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana se uniram a parceiros internacionais para reexaminar evidências arqueológicas descobertas na caverna Shuqba, nas colinas ao norte de Jerusalém. O dente fossilizado de uma criança e ferramentas ancestrais sugerem pela primeira vez que os neandertais também usaram uma tecnologia de fabricação de ferramentas de pedra que até então se pensava ter sido exclusiva dos humanos modernos.
Chris Stringer, um especialista em evolução humana do Museu de História Natural, em Londres, desataca dois pontos importantes nesta descoberta. "Em primeiro lugar, especulamos por muito tempo se os neandertais chegaram à África. Shuqba fica a apenas algumas centenas de quilômetros da África, então essa descoberta realmente aumenta a possibilidade de que eles tenham chegado lá."
"Em segundo lugar, acreditava-se que as ferramentas de pedra encontradas ali eram produtos de humanos modernos. No entanto, se esse dente reflete uma ocupação de longo prazo, em vez de visitas esporádicas, é provável que esse tipo de ferramenta também tenha sido feito por neandertais. Temos uma associação de um dente de neandertal com uma indústria considerada típica dos humanos modernos", explica.
É a primeira vez que este dente humano, encontrado na caverna Shuqba em 1928, é examinado em detalhes, ao lado de um grande estudo das ferramentas de pedra. O dente foi mantido em uma coleção particular da arqueóloga britânica Dorothy Garrod durante a maior parte do século XXI. Depois de recuperado há alguns anos pelo Museu de História Natural, os pesquisadores conseguiram determinar que o dente fossilizado pertenceu a um neandertal de sete a 12 anos de idade. Também foi possível determinar que tanto o Homo sapiens quanto os neandertais compartilhavam o uso de um amplo conjunto de tecnologias de ferramentas de pedra.
"Locais com ambos os fósseis de hominídeos diretamente associados a conjuntos de ferramentas de pedra permanecem uma raridade – o estudo de ambos é fundamental para avaliar as ocupações de hominídeos na caverna Shuqba e seu lugar na paisagem", afirmou o dr. Jimbob Blinkhorn, do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana e principal autor do artigo.