Think tank afiliado à OTAN teria proposto que Biden faça 'mudança de regime' na Bielorrússia

© AP PhotoManifestantes com máscaras faciais carregam antigas bandeiras nacionais da Bielorrússia durante ação de protesto em Minsk, Bielorrússia, 13 de dezembro de 2020
Manifestantes com máscaras faciais carregam antigas bandeiras nacionais da Bielorrússia durante ação de protesto em Minsk, Bielorrússia, 13 de dezembro de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 16.02.2021
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O Conselho Atlântico detalhou um plano com o objetivo de remover do poder Aleksandr Lukashenko, atual presidente da Bielorrússia, incluindo "um grupo de sanções para mudança de regime", segundo especialista.

O recém-realizado encontro on-line do think tank Conselho Atlântico visa "forçar mudança de regime" na Bielorrússia, disse Kayla Popuchet, que se está minorando em Estudos Eslavos na Universidade da Cidade de Nova York, em entrevista à Sputnik.

Como aponta a especialista, trata-se de uma organização afiliada à OTAN, que "recebe seu financiamento de bilionários internacionais como Adrienne Ascht, empresas multimilionárias como Goldman Sachs, Facebook e Google, assim como a Fundação Rockefeller e a Fundação JPMorgan Chase, para citar apenas alguns", e da qual participam "algumas das figuras ocidentais mais poderosas do mundo", bem como um representante de Svetlana Tikhanovskaya, principal figura de oposição.

Os objetivos do encontro foram:

  1. Organizar o governo dos EUA para controlar o movimento de oposição acrescentando uma posição de organizador sênior para administrar e reimpor/manter sanções contra a Bielorrússia, e nomear um responsável sênior para administrar a assistência à oposição.
  2. Reconhecer a posição de Tikhanovskaya como a verdadeira líder da Bielorrússia e deslegitimar o presidente Aleksandr Lukashenko enviando a recém-nomeada embaixadora dos EUA na Bielorrússia, Julie Fisher, a Vilnius, em vez de Minsk.
  3. Duplo financiamento do Congresso dos EUA para RFERL [sigla em inglês de Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, mídia financiada pelo governo dos EUA], o que significa que seu orçamento atual de US$ 117,4 milhões (R$ 630,46 milhões) saltaria para US$ 234,8 milhões (R$ 1,26 bilhão).
  4. Aconselhar os líderes da oposição bielorrussa a não assustar a Rússia falando em aderir à União Europeia e/ou à OTAN. John Herbst, antigo embaixador dos EUA na Ucrânia e Uzbequistão, sugeriu aos líderes da oposição "reduzir as aspirações da oposição bielorrussa de se envolver nos conselhos de segurança e estruturas econômicas ocidentais".

O economista Anders Aslund sugeriu ainda que fossem aplicadas sanções a empresas da Rússia, e não às da Bielorrússia, argumentando que, caso contrário, Minsk ficaria mais dependente de Moscou. Ele também aconselhou sancionar "centenas" de personalidades bielorrussas, afirmando que "o objetivo das sanções é colocar pressão suficiente sobre a Bielorrússia para que Lukashenko tenha que ir. Este é realmente um grupo de sanções para mudança de regime".

© AP Photo / Kay NietfeldSvetlana Tikhanovskaya, opositora da Bielorrússia, fala à mídia em Berlim, Alemanha, 6 de outubro de 2020
Think tank afiliado à OTAN teria proposto que Biden faça 'mudança de regime' na Bielorrússia - Sputnik Brasil, 1920, 16.02.2021
Svetlana Tikhanovskaya, opositora da Bielorrússia, fala à mídia em Berlim, Alemanha, 6 de outubro de 2020

Além disso, refere Popuchet, o think tank sugeriu que os EUA aumentassem o financiamento à oposição bielorrussa de US$ 60 milhões (R$ 322,2 milhões) para US$ 200 milhões (R$ 1,07 bilhão), dizendo que esse valor veio dos ativistas bielorrussos.

Consequências de um golpe na Bielorrússia

"Como o próprio Aslund diz, estas medidas existem inteiramente para forçar a mudança de regime em uma nação soberana. A missão do Conselho Atlântico é forçar os EUA a controlar o movimento bielorrusso com o objetivo de derrubar Lukashenko e, ao mesmo tempo, afirmar que isto é para respeitar a soberania bielorrussa", comenta Kayla Popuchet.

"Eles não respeitam a soberania nem a autodeterminação do povo bielorrusso, eles simplesmente desejam que o Ocidente os instale como proprietários da nação."

A tentativa de forçar a mudança de regime na Bielorrússia terá efeitos mais nefastos além-fronteiras, adverte Kayla Popuchet, que apela a que o povo bielorrusso decida o destino político do país de forma orgânica.

"Se a administração Biden assumir as recomendações do Conselho Atlântico em algum momento, isso não só causaria uma tensão significativa e dividiria ainda mais a Bielorrússia, mas também aumentaria as tensões entre os EUA e a Rússia, que já estão tensas como estão."

O Conselho Atlântico "promove a hegemonia ocidental e um mundo unipolar", sublinha Popuchet.

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