Em nota divulgada na última segunda-feira (15), o Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou que trabalhará em cooperação com Okonjo-Iweala "para fortalecer a OMC [Organização Mundial do Comércio] em sua missão fundamental de promover o livre comércio entre economias de mercado".
O economista e professor de Economia e Finanças da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), Johnny Mendes, em entrevista à Sputnik Brasil, lembrou que após o anúncio da saída do embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo do cargo, a nomeação para o novo nome a assumir a liderança da OMC gerou discordância entre EUA e a União Europeia, sendo Okonjo-Iweala a preferência do bloco europeu.
De acordo com Mendes, isso mostra que há uma proximidade muito grande de interesses entre a União Europeia e a atual diretora do órgão da OMC. Para o economista, o Brasil, que não havia se posicionado até então, demonstra que quer colaborar com a nova direção, pois tem muito interesse no mercado europeu para o agronegócio.
"O Brasil já havia e vem discutindo formas de entrar e ou de fazer acordos com a União Europeia a fim de enviar mais produtos do agrobusiness brasileiro para a União Europeia. Esse mercado não só é bom, porque consome, mas tem um preço de venda excelente", diz o especialista.
"E há total interesse do Brasil de se aproximar da OMC, neste momento com a Okonjo-Iweala, exatamente por isso, porque ela tem proximidade com a União Europeia. Essa é uma das prioridades do Brasil atualmente: aumentar o volume de exportação do agrobusiness, de preferência com a União Europeia, com quem o Brasil tem menos acordos", acrescentou.
Os mais recentes dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostraram que a exportação do agronegócio brasileiro chegou a US$ 100,8 bilhões (R$ 545,52 bilhões) em 2020, o que representa um aumento de 4,1% em relação ao ano anterior.
Atrás da China, que segue sendo o principal parceiro comercial brasileiro com 33,7% do total das vendas dos produtos agro, a União Europeia foi o segundo maior destino das exportações do setor no ano passado, com participação de 16,2%.
O economista Johnny Mendes também lembrou que o agronegócio corresponde a cerca de 30% do PIB brasileiro e vários países no mundo importam produtos do Brasil. Seria do interesse brasileiro, portanto, que a OMC adotasse uma maior liberação, com políticas mais liberais dentro do modelo do agronegócio, afirmou o analista.
"É claro que isso vai permitir que o Brasil, que já tem todo um potencial de exportação, de qualidade, em quantidade para o mundo todo, possa usufruir desse sistema virtuoso em prol daqueles países que podem aumentar a exportação em agrobusiness", destacou.
Para expandir a capacidade de exportação e conseguir acordos adequados na OMC, Mendes afirmou que o Brasil goza de um respaldo atual e historicamente na organização, o que "permite que ele faça acordos ou coopere adequadamente com a OMC".
"Estar dentro da OMC, cooperar juntamente com a OMC, criar essa proximidade com o órgão, sempre vai favorecer ao país, principalmente naquilo que ele tem de melhor, que é o agrobusiness", completou o economista.