A China prossegue sua estratégia de afastar os EUA da Eurásia com o aumento da influência chinesa no Oriente Médio e em grande parte da Europa, segundo David Goldman, especialista do jornal Asia Times.
Sem querer guerra "em seu quintal", Pequim procura expulsar navios norte-americanos dos mares estratégicos que rodeiam a China. Na quinta-feira (11), o contra-almirante Doug Verissimo, comandante do grupo de ataque liderado pelo porta-aviões Theodore Roosevelt dos EUA, declarou, citado pelo jornal The Washington Times: "Estamos vendo um número maior de aviões e um número maior de navios disponíveis para as Forças Armadas da China sendo usados diariamente."
Apesar disso, as autoridades chinesas veem essas operações como tendo "mais significado simbólico e político do que militar, pois os EUA estão plenamente conscientes do poder dos mísseis balísticos antinavio da China", escreveu o jornal Global Times.
"As tecnologias necessárias para interceptação de mísseis balísticos de alcance intermediário também têm aplicações consideráveis para a guerra espacial e podem ser usadas para abater satélites inimigos, um campo de preocupação crescente para os Estados Unidos", comenta a revista Military Watch.
A publicação também refere o lançamento de 29 de janeiro do quinto porta-aviões, o terceiro de 40.000 toneladas de porte médio da classe 075 desde setembro de 2019, que permitem aos aviões decolagem e pouso verticais, como nos helicópteros, "particularmente úteis para operações nos mares do Sul da China e da China Oriental em meio a múltiplas disputas territoriais".
A China também está construindo dois superporta-aviões, um dos quais pode ser lançado ainda em 2021. Ambos serão muito mais baratos que os dos EUA por não serem propulsados por energia nuclear. Mesmo não sendo adequados para missões de longo alcance, são ideais para defender os mares ao redor da China.
Pivô para Eurásia?
Em uma hipótese que o colunista do jornal Asia Times defende desde 2013, o gigante asiático dominaria o Oriente Médio, e sua aliança com a Rússia substituiria o domínio decrescente dos EUA na região, sendo esta hipótese comparada à Pax Sinica, ou seja, Paz Chinesa, período que compreende muitas dinastias chinesas e que tinha a China como dominante de todas as civilizações da região.
Goldman chama a atenção para o fato de que "enquanto os EUA se concentraram em acordos de paz entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão, a China manobrou entre os únicos três Estados muçulmanos com significativa capacidade militar e potencial econômico", referindo-se a Turquia, Irã e Paquistão, algo que "deixará a aliada norte-americana Índia isolada e enfraquecida".
Trata-se de uma estratégia inspirada "nos princípios do Go", um jogo em que o objetivo é rodear e isolar peças opostas, comenta Goldman.
Além disso, em 9 de fevereiro foi realizada uma cúpula com a presença de Xi Jinping, presidente chinês, da qual participaram chefes de governo e altos representantes da Bósnia e Herzegovina, República Tcheca, Montenegro, Polônia, Sérvia, Albânia, Croácia, Grécia, Hungria, Macedônia do Norte, Eslováquia, Bulgária, Eslovênia, Estônia, Letônia, Lituânia e Romênia.
Passados nove anos, a aliança com estes países da Europa Central e Leste Europeu permitiu que o volume do comércio bilateral aumentasse quase 85% e o turismo quase quadruplicasse. Atualmente, com as dificuldades da União Europeia em obter vacinas, a China está oferecendo milhões de doses da vacina Sinopharm para Bósnia e Herzegovina, Hungria e Sérvia.