Pesquisadores anunciaram que novas observações do buraco negro Cygnus X-1 mostraram que ele tem 21 vezes a massa do nosso Sol, ou seja, é 50% mais massivo do que se acreditava. Os resultados foram publicados na revista científica Science na quinta-feira (18).
"Com uma rede de radiotelescópios, mapeamos a órbita do buraco negro, com uma precisão posicional equivalente a localizar um objeto na Lua com uma precisão de dez centímetros. […]. Usando nossa distância até Cygnus X-1 e o brilho e a temperatura da estrela, calculamos o tamanho da estrela. Com esse conhecimento e o movimento medido da estrela durante sua órbita em torno do buraco negro, pudemos determinar a massa do buraco negro", explicam os autores no portal The Conversation.
Cygnus X-1 está localizado dentro da nossa galáxia, a Via Láctea, a cerca de 7.200 anos-luz da Terra e tem uma órbita de 5,6 dias ao redor de uma estrela companheira supergigante. Os cientistas explicam que isso significa que o buraco negro se desloca em uma velocidade extremamente rápida.
"Pude confirmar que Cygnus X-1 está girando incrivelmente rápido, muito perto da velocidade da luz e mais rápido do que qualquer outro buraco negro encontrado até hoje", comenta Xueshan Zhao, coautor do estudo, citado pelo tabloide Daily Mail.
Os buracos negros são criados quando estrelas massivas colapsam sobre si mesmas. Assim, espera-se que os buracos negros mais pesados se formem a partir da morte de estrelas massivas com menores concentrações de ferro, já que estas teriam retido a maior parte da massa até a morte.
Segundo os cientistas, os novos dados mostram que os ventos estelares podem não ser tão fortes quanto se imaginava.
"As medições atualizadas estão nos forçando a revisar nossa compreensão das estrelas mais massivas, particularmente a taxa na qual elas perdem massa nos ventos estelares […]. Muitas questões permanecem em relação à história e à formação do Cygnus X-1", afirmam os autores.
Aposta famosa
Cygnus X-1 foi o primeiro buraco negro descoberto da história. Observado pela primeira vez em 1964, a confirmação só ocorreu na década de 1990. Nesse ínterim, ocorreu uma famosa aposta entre os físicos teóricos Stephen Hawking e Kip Thorne.
Em 1974, Thorne apostou que Cygnus X-1 era um buraco negro, enquanto Hawking defendia que buracos negros não existam. Na época, os buracos negros eram previsões exclusivamente teóricas da teoria da relatividade geral de Albert Einstein: singularidades na estrutura do espaço-tempo que impediam qualquer coisa (incluindo a luz) de escapar.
Apenas em 1990 a comunidade científica se convenceu de que Cygnus X-1 era um sistema estelar binário que de fato hospedava um buraco negro e Hawking reconheceu que perdeu a aposta contra Thorne.