Ao contrário do que foi afirmado pelo Ministério da Saúde, a vacinação no Amazonas não utilizará o modelo de colégios eleitorais para imunizar a população do estado. À Sputnik Brasil, a coordenadora afirma que "a estratégia não mudou, continua a mesma".
"Com certeza, não vai mudar. Vai ser feito como sempre estivemos fazendo, e sempre tivemos êxito em nossas campanhas", afirmou Nascimento nesta segunda-feira (22), em entrevista à Sputnik Brasil.
De acordo com o que a pasta havia anunciado, os amazonenses procurariam seu local de votação para tomar a vacina, descentralizando a campanha dos postos de saúde. No entanto, segundo Nascimento, esta foi apenas uma "proposta" que chegou a ser discutida em uma reunião, que contou com a presença das Forças Armadas: "Não há necessidade neste momento de que isso seja realizado".
"Temos unidades de saúde em todas as zonas do município de Manaus. A população já sabe onde há postos de vacinação, isso é feito anualmente. Sempre demos conta de fazer nosso trabalho", diz Nascimento.
A coordenadora argumenta que o percentual da população a ser vacinada contra a COVID-19 é igual ao de campanhas de vacinação contra a gripe, por exemplo. Por isso, o sistema de saúde do estado já está preparado para imunizar os amazonenses contra o novo coronavírus.
Além disso, ela destaca que não basta disponibilizar salas para vacinar a população – é necessário também capacitar as pessoas para vacinar, registrar as imunizações realizadas e organizar a população.
"Não dá para disseminar um sem-número de localidades onde você pode até não ter um bom acesso. [...] Ninguém vai ter pessoas suficientes para atender uma demanda dessa. Requer muita gente", avalia a coordenadora de vacinação.
Na proposta discutida com o Ministério da Saúde, as Forças Armadas ajudariam a imunizar a população. Nascimento ressalta que os militares sempre prestaram pronta ajuda para a vacinação no estado: "Temos locais de difícil acesso, e sempre precisamos dessa ajuda. [...] Sempre tivemos um bom acolhimento, sem nenhum problema". O auxílio das Forças Armadas, no entanto, é operacional – e a aplicação de vacinas exige mais que isso.
"Não só as pessoas que vão aplicar a vacina. [...] Você não vai colocar o seu braço para qualquer pessoa aplicar. Tem que saber todos os cuidados, da aplicação, do manuseio, da temperatura que esta vacina tem que estar", diz Nascimento.
'As vacinas não chegaram', diz coordenadora
Izabel Nascimento afirma também que a vacinação de pessoas com 50 anos de idade ou mais não teve início nesta segunda-feira (22), conforme inicialmente planejado pelo ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O motivo: não chegaram as remessas de vacinas prometidas pela pasta.
"As vacinas não chegaram. Quando chegarem as vacinas destinadas a esta população [50 anos ou mais], atenderemos", informou a coordenadora.
Segundo Nascimento, a situação nos hospitais do Amazonas melhorou consideravelmente desde o colapso no sistema de saúde do estado. O suprimento de oxigênio é suficiente e a taxa de óbito diminuiu, assim como a de ocupação dos hospitais.
"O ritmo de vacinação no estado segue dentro do esperado, dentro do padrão que o ministério nos coloca. Cumprimos os critérios tanto do plano nacional quanto do estadual", diz a coordenadora.
Até o momento, o Amazonas imunizou 66,4% do público-alvo a ser vacinado, que inclui indígenas, idosos, pessoas com deficiência, entre outros. O percentual corresponde a 242.707 pessoas das 327.311 a serem vacinadas, segundo números do governo do estado.