Uma das principais bandeiras do bolsonarismo ao longo da pandemia do coronavírus, o tratamento precoce, que é clinicamente comprovado como ineficaz pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estampou as páginas dos principais veículos de comunicação impressa no Brasil.
Veículos tradicionais, como O Globo e a Folha de São Paulo, publicaram anúncios de meia página de um manifesto assinado por médicos defendendo o que chamam de uma "correta combinação de medicamentos, como a hidroxicloroquina, a invermecticina, e a bromaxina".
A publicação causou espanto e a discussão foi parar nas redes sociais.
Manifesto de médicos favoráveis ao “tratamento precoce” contra a #Covid19 também foi publicado em anúncio de meia página no @JornalOGlobo de hoje (23.2.2021). Não existe tratamento precoce cientificamente comprovado contra a #Covid19 pic.twitter.com/pHrmi40yDW
— Jeff Nascimento (@jnascim) February 23, 2021
"Manifestamo-nos a favor da intervenção precoce no tratamento da COVID-19", diz o texto. Em outro paragrafo, o documento faz um apelo "à sociedade brasileira, aos colegas médicos, aos órgãos de imprensa, aos Conselhos Regionais de Medicina e ao Conselho Federal de Medicina", pela aplicação do que eles chamam da "correta combinação de medicamentos".
O anúncio foi assinado pela Associação Médicos pela Vida, com sede em Recife (PE). Além de divulgar ao final uma "jornada médica on-line" sobre o tema, o anúncio também cita o Conselho Federal de Medicina para justificar a defesa do uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
A situação também provocou debates porque os principais veículos de comunicação do país atuam conjuntamente desde o ano passado para combater a desinformação sobre a pandemia.
Além de, a partir de junho, atualizarem os dados de disseminação do coronavírus em uma parceria independente do governo federal, o consórcio, desde o início de 2021, veicula uma campanha de conscientização sobre a vacinação.
Além da Folha e do O Globo, fazem parte do consórcio o Extra e o G1, que são do Grupo Globo, o UOL, que é do grupo Folha, e o Estado de São Paulo.