O relatório deve implicar o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, afirmou uma fonte conhecedora da ligação telefônica ao portal Axios.
Em janeiro de 2021, a administração Biden anunciou planos de desclassificar o documento preparado pelo Escritório do Diretor da Inteligência Nacional (ODNI, na sigla em inglês) sobre o assassinato de Khashoggi. O relatório foi encomendado pelo Congresso em 2019, mas o então presidente Donald Trump bloqueou sua divulgação.
Em vez disso, o ODNI enviou aos congressistas cópias de uma avaliação secreta pela Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês). Esta avaliação concluiu "com alto grau de confidencialidade" que o príncipe saudita estava envolvido na conspiração para assassinar o jornalista.
Jornalista progressista saudita que fugiu da Arábia Saudita em 2017, Khashoggi foi assassinado e desmembrado dentro do Consulado da Arábia Saudita em Istambul, Turquia, em outubro de 2018 depois de ter sido convocado para obter documentos para seu próximo casamento.
Primeiramente, as autoridades sauditas negaram qualquer envolvimento, mas pouco depois reportaram que o jornalista foi assassinado em um motim organizado por insurgentes do serviço de segurança. O reino saudita condenou cinco funcionários e sentenciou mais três a um total de 24 anos de prisão no fim de 2019 pela morte de Khashoggi.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita negou estar envolvido na conspiração, mas assumiu responsabilidade parcial visto que o assassinato "aconteceu sob sua supervisão". O Senado dos EUA aprovou unanimemente uma resolução que responsabiliza o príncipe pelo crime.
'Recalibragem' das relações
A administração Biden interrompeu a venda de munições guiadas para o reino no início de fevereiro a fim de dar um basta ao suporte norte-americano nas operações de ataque ao Iêmen.
Em 1º de fevereiro, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que a Arábia Saudita "tem sido um parceiro importante" para os EUA no antiterrorismo e "na tentativa de promover a estabilidade regional e combater a agressão na região", mas também indicou que a revisão estava em andamento para "garantir" que a parceria seja realizada em conformidade com interesses e valores dos EUA.
Durante a campanha eleitoral, Joe Biden atacou inúmeras vezes o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman e assumiu que a Arábia Saudita deve se tornar "pária" por causa das alegadas violações dos direitos humanos.
A ligação telefônica da quarta-feira (24) será a primeira entre Biden e o rei saudita. Por sua vez, o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, falou com o príncipe herdeiro Salman na qualidade de ministro da defesa da Arábia Saudita.