Manifestantes que querem a renúncia do primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, invadiram um prédio do governo no centro de Erevan, informa um correspondente da Sputnik no país nesta segunda-feira (1º). A oposição organizou uma ação de protesto no saguão do prédio, que abriga vários ministérios. Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra Pashinyan e pediram aos funcionários do governo que não participassem das manifestações de apoio ao primeiro-ministro.
A oposição organizou uma ação de protesto no edifício de governo. Manifestantes entraram gritando "Armênia sem Nikol [Pashinyan]", mas não conseguiram ultrapassar o bloqueio de segurança e deixaram o prédio
Mais tarde, os manifestantes invadiram a prefeitura do distrito central de Erevan, informa o correspondente da Sputnik na Armênia.
No sábado (27), manifestantes pedindo a renúncia do premiê bloquearam o tráfego na região do parlamento armênio e distribuíram chá e bolos para os participantes. Apesar da forte presença da polícia no local, os agentes de segurança não intervieram no protesto, mas bloquearam os acessos à avenida principal no local e isolaram o edifício do parlamento. Os protestos também aconteceram fora da capital armênia. Em Kapan, no sudeste do país, os moradores saíram às ruas para expressar solidariedade aos militares armênios.
Crise política
Os protestos em Erevan começaram na quinta-feira (25), após Pashinyan pedir a demissão de oficiais militares de alto escalão, incluindo o chefe do Exército, Onik Gasparyan, e o vice-chefe Tiran Khachatryan, que teria zombado de um polêmico comentário do primeiro-ministro sobre supostas falhas nos mísseis Iskander fornecidos pela Rússia, durante o recente conflito com o Azerbaijão na região de Nagorno-Karabakh.
Os militares exigiram a saída de Pashinyan, o que o primeiro-ministro chamou de tentativa de golpe. No sábado (27), o presidente armênio, Armen Sarkisyan, recusou o pedido de Pashinyan para demitir Gasparyan, por considerar a demissão inconstitucional.
Pashinyan, entretanto, chegou à conclusão de que tinha informações erradas sobre os mísseis Iskander, disse o porta-voz do primeiro-ministro. Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, por sua vez, afirmou nesta segunda-feira (1º), que "é ótimo que as coisas tenham sido esclarecidas".
Os protestos também ocorrem em meio a um descontentamento mais amplo da oposição com o primeiro-ministro, na esteira de um cessar-fogo mediado pela Rússia, concluído em novembro, que pôs fim ao conflito de Nagorno-Karabakh. Segundo o acordo, vários distritos de Nagorno-Karabakh foram cedidos ao Azerbaijão.