A nova alta dos preços da gasolina e do diesel nas refinarias vem pouco mais de uma semana após o presidente Jair Bolsonaro pedir a substituição do presidente da Petrobras.
O preço médio de venda da gasolina passará a ser de R$ 2,60 por litro, alta de R$ 0,12 por litro (4,8%), enquanto o diesel passará a média de R$ 2,71 por litro, aumento de R$ 0,13 por litro (5%).
Em entrevista à Sputnik Brasil, Luiz Fernando Galvão, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Guarulhos e Região (Sinditac), afirmou que o aumento faz com que alguns caminhoneiros não consigam sequer abastecer os veículos com o preço do frete.
"O impacto negativo acontece só ao autônomo porque as empresas têm como se bancar, então o afetado direto é o motorista autônomo que ganha 40% do valor do frete, e com o reajuste ele não consegue nem abastecer o veículo", disse.
Desde 2016, durante a gestão do então presidente, Michel Temer, a Petrobras orienta sua política de preços pelo Preço de Paridade Internacional (PPI). Dessa maneira, os preços dos combustíveis praticados nas refinarias brasileiras são reajustados conforme a cotação do barril de petróleo internacionalmente, negociado em dólar, e a taxa de câmbio.
Em um ofício enviado ao presidente Jair Bolsonaro, ao qual a Sputnik Brasil teve acesso, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) pediu que a política de PPI seja revista.
"Nos colocamos contra essa política de paridade internacional de preços, contra essa quantidade elevada de impostos federais e estaduais que incidem diretamente nos preços dos combustíveis e a venda de refinarias. Temos todos os argumentos técnicos para debater com o governo e com qualquer equipe econômica sobre esse assunto e ainda apontar caminhos para que o governo possa aplicar uma política mais saudável e sustentável para o nosso país no que se refere ao valor dos combustíveis", escreveram.
"Nós não concordamos com o PPI, essa política tem que ser mudada porque senão não só o caminhoneiro, mas o brasileiro em geral. A visão que nós temos, da forma que vem acontecendo, é um botijão de gás chegar a R$ 200 no final do ano. Quer dizer, não fica só inviável para o caminhoneiro, fica inviável para a população", defendeu.
Além do preço do combustível quando sai da refinaria, são adicionados impostos, outros componentes e o valor relacionado à comercialização.
Sinditac admite possibilidade de nova paralisação dos caminhoneiros
O presidente do Sinditac ainda disse que, apesar do aumento do preço dos combustíveis, o valor do frete não aumentou.
"É incrível, mas é uma realidade. Quando você chega no mercado e vai em uma gôndola verificar a compra da sua mercadoria, o frete está embutido ali. O frete está embutido de uma maneira bem alta. Hoje um saco de cinco quilos de arroz está beirando quase R$ 40 e isso é reflexo do aumento do frete", afirmou.
Segundo Luiz Fernando Galvão, os caminhoneiros têm discutido a possibilidade de uma nova paralisação da categoria.
"Como nós representamos os autônomos nós não falamos em greve, nós falamos em paralisação. Nós precisamos do apoio de toda a sociedade, não só os caminhoneiros. E gostaria de deixar bem claro que nós não estamos contra o governo, nós estamos sim contra essa política de preços da Petrobras", completou.