A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta terça-feira (2) a lista final da quantidade de vacinas do consórcio internacional COVAX Facility que cada país participante receberá até maio.
Ao Brasil serão destinadas 9,1 milhões de doses da Covishield, conhecida popularmente como a vacina de Oxford/AstraZeneca. Inicialmente, a OMS havia previsto que o Brasil receberia 10.672.800 de doses que seriam entregues no primeiro semestre, até junho.
Para Daniela Alves, professora de Relações Internacionais do Ibmec-São Paulo, mestre em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a revisão das quantidades que seriam entregues pela OMS já era esperada.
"Eles já alertavam que aqueles números divulgados sobre a distribuição estavam baseados na comunicação de disponibilidade que foi estimada pelos fabricantes naquele momento", explicou.
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Daneila Alves disse que a divulgação feita em fevereiro pela OMS era uma espécie de "retrato" de estimativas repassadas pelas fabricantes.
"A organização já tinha divulgado também o alerta com essa mesma divulgação preliminar de que a distribuição poderia sofrer ajustes, ou seja, aqueles valores que foram divulgados, aqueles números, poderiam sofrer mudanças de acordo com circunstâncias e variáveis que naquele momento seriam muito difíceis de prever", completou.
'Critérios não foram transparentes'
Além da mudança na quantidade de doses repassadas ao Brasil, o COVAX também alterou a localidade de onde essas doses serão provenientes.
As vacinas entregues ao Brasil viriam inicialmente da África do Sul. Agora todas serão fornecidas pela AstraZeneca ou pelo Instituto Serum, na Índia.
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Segundo Daniela Alves, embora o Brasil não tenha sido o único afetado pelas mudanças, falta transparência da OMS quanto aos critérios utilizados para fazer as alterações.
"Outros países também tiveram uma queda no número de doses que vão receber. Porém, há países que conseguiram aumentar o número de doses. A grande questão é que efetivamente os critérios não são transparentes e os termos dos contratos não estão disponíveis para o público", completou.
No dia 9 de fevereiro, a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu que as vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde através do COVAX Facility não precisarão de registro e de autorização temporária de uso emergencial no Brasil.